SAF é mais frequente que síndrome de Down, dizem médicos.
Profissionais do Rio de Janeiro discutem necessidade de medidas para prevenção da SAF, entre elas a aprovação do dia 15 de setembro como Dia do Combate à Síndrome Alcoólica Fetal.
A importância de se discutir a SAF (síndrome alcoólica fetal) foi ratificada pelos números apresentados por José Mauro Braz de Lima, da CEPRAL - UFRJ/SBA, durante o Simpósio Internacional de Síndrome Alcoólica Fetal, que aconteceu sexta-feira, no campus da Praia Vermelha da Ufrj. "A SAF é três ou mais vezes freqüente que a síndrome de Down", disse ele na mesa intitulada. "SAF- Repercussão na saúde da criança". O moderador foi Joffre Amim Júnior, da Maternidade Escola / UFRJ, e os outros palestrantes Paulo Jorge de Almeida, da Maternidade Escola/ UFRJ, Renato Sá também da Maternidade Escola, da UFRJ e da UFF e Fátima Coutinho do IPPMG/UFRJ.
Fátima lembrou que durante muito tempo os médicos receitavam Biotônico Fontoura para as crianças, sendo que a fórmula deste fortificante possuía álcool. De acordo com a médica, "a modificação da composição do Biotônico foi conseqüência de muita luta dos médicos". Ela alertou também para uma outra questão - o fato de as crianças portadoras de SAF terem maior tendência a serem alcoólatras e interrogou: "as crianças têm essa tendência por causa da SAF ou ambiente é o propiciador?".
Já Renato Sá falou da dificuldade de se diagnosticar a SAF por meio da ultra-sonografia. O que geralmente se consegue observar é "a microcefalia, a agenesia de corpo caloso e as hipoplasias". A síndrome alcoólica fetal pode até mesmo não ser identificada pela ultra-sonografia, porque ela pode não causar lesões cerebrais, mas gerar, por exemplo, problemas na transmissão de estímulos cerebrais. Ele lembrou, ainda, que o organismo humano possui enzimas capazes de metabolizar álcool. "O que faz mal, portanto, é o excesso de álcool", disse.
Uma alternativa pública que implicaria na divulgação de informação sobre os problemas do álcool é, segundo Paulo Jorge de Almeida, a inserção de advertências no rótulo de bebidas alcoólicas, tal como é feito nos maços de cigarro. A informação é fundamental para o combate desta síndrome, que segundo José Mauro Braz de Lima, pode ser reduzida à zero, basta apenas que a mulher não beba durante a gravidez.
Mas a divulgação não é tão simples assim, pois até mesmo os médicos desconhecem a SAF. Fátima Coutinho informa que os pediatras, em geral, não pensam na síndrome em primeiro lugar quando investigam sintomas nas crianças. Por outro lado, iniciativas para divulgação estão sendo implementadas. O próprio simpósio voltado para a discussão da SAF acontece desde 1998 e, de acordo com os palestrantes e confirmado pela Assessoria de Imprensa da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, está em curso a instituição do dia 15 de setembro como o Dia do Combate à Síndrome Alcoólica Fetal.
O que é Síndrome Alcoólica Fetal?
SAF é um conjunto de transtornos físicos, mentais, neurológicos e comportamentais manifestados ao longo da vida de origem gestacional, associados ao consumo de álcool durante a gravidez.
SAF é o quadro clínico mais freqüentemente reconhecido dentre as deficiências mentais e físicas instaladas na gestação. A exposição pré-natal ao álcool não resulta necessariamente em SAF. Ainda assim, não se conhecem níveis seguros de consumo de álcool durante a gravidez. Na maioria dos indivíduos lesados pela exposição ao álcool antes do nascimento, não ocorrem as anomalias faciais e a deficiência do crescimento que identificam a Síndrome Alcoólica Fetal - SAF. Ainda assim, todos aqueles afetados por uma gestação exposta ao uso de álcool portam danos cerebrais e outros comprometimentos tão significativos quanto os que ocorrem nos portadores da SAF.
Que são Distúrbio do Desenvolvimento Neural Relacionado ao Álcool (DDNRA) e Defeitos de Nascimento Relacionados ao Álcool (DNRA)?
Distúrbio do Desenvolvimento Neural Relacionado ao Álcool (DDNRA) descreve os prejuízos funcionais ou mentais ligados à exposição pré-natal ao álcool. Defeitos de Nascimento Relacionados ao Álcool (DNRA) se refere a malformações ósseas e nos principais órgãos.
Os indivíduos com SAF têm um padrão distinto de anomalias faciais e de deficiência de crescimento, como também, evidências de disfunção do sistema nervoso central. Além de retardo mental, os indivíduos com SAF, DDNRA e DNRA podem também apresentar outros déficits de origem neurológica tais como habilidades motoras comprometidas e uma pobre coordenação entre a visão e os movimentos das mãos. Podem também ter um padrão complexo de problemas de aprendizagem e de comportamento, abrangendo dificuldades de memorização, atenção e julgamento.
Com que frequência SAF, DDNRA e DNRA ocorre?
São 12.000 crianças nascidas a cada ano com SAF e três vezes mais crianças nascidas com DDNRA e DNRA. Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), Desordem do Desenvolvimento Neural Relacionado ao Álcool (DDNRA) e Defeitos de Nascimento Relacionados ao Álcool (DNRA) é maior do que a totalidade das crianças nascidas a cada ano com Síndrome de Down, Fibrose Cística, Espinha Bífida e Síndrome Infantil de Morte Repentina.
Como podem ser prevenidos os efeitos relacionados ao Álcool?
SAF, DDNRA e DNRA podem ser 100% prevenidos quando uma mulher se abstém completamente do álcool durante sua gravidez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário