quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

QUEM SÃO OS SUPER NORMAIS


Desenho em preto e branco dos Super Normais: Mirella, uma jovem cadeirante com cabelos longos, Manoel, um jovem com baixa visão, óculos escuros e bigodes, e Rafael, um jovem cadeirante, com cabelos pretos e óculos. Manoel está em pé no meio dos dois e faz um V de vitória com os dedos.
VER COM PALAVRAS Quem são os Super Normais?
Nós somos quatro amigos e nos unimos para falar sobre inclusão da pessoa com deficiência de uma forma que só quem tem deficiência pode fazer. Rafael Bonfim, Mirella Prosdócimo e Manoel Negraes convivem com a deficiência há mais de 15 anos cada e por mais que cada um apresente uma limitação diferente, eles compartilham um ponto de vista mais amplo e diferenciado em relação à inclusão da pessoa com deficiência. Para nós, uma pessoa com algum tipo de deficiência não é herói e nem digno de pena. É uma pessoa normal, mas com uma condição diferenciada, que quando busca a sua autonomia e independência, movimenta todos aqueles que estão em volta. Por isso, a pessoa com deficiência tem a chance de mudar culturas e romper barreiras sociais. O Rafael Camargo é o cartunista que tem a missão de transformar essas ideias em quadrinhos e faz isso como ninguém. Com um traçado marcante, consegue traduzir em imagens passagens de vida de Rafael, Mirella e Manoel, além de propor discussões sobre os elementos da inclusão em cada quadrinho finalizado por ele.
VER COM PALAVRAS Como surgiu a ideia das tirinhas retratando o cotidiano de pessoas com deficiência?
Arriscamos dizer que foi uma ideia que veio por acaso. Chamamos o Rafael Camargo para conversar sobre uma única ilustração, bem pontual, que discutiria essa visão dúbia de heróis ou vítimas em relação à pessoa com deficiência. Ao invés de conversarmos por uma hora, conversamos por três horas e a química criativa entre o Camargo e os Super Normais foi imediata. Todos nós percebemos ao mesmo tempo que poderíamos falar sobre o que pensamos usando uma linguagem interessante e que poderia chegar a muitas pessoas.
 VER COM PALAVRAS E a questão da acessibilidade nas tirinhas?
 Para nós isso é tão importante quanto a criação das tirinhas em si. O nosso público não é com exclusividade a pessoa com deficiência. Nós criamos as tirinhas para que qualquer pessoa possa pensar sobre isso e tentar trazer as questões sobre preconceito, aceitação, respeito e cultura social que levantamos para a sua própria vida. E justamente por causa desse objetivo de falar com qualquer pessoa, consideramos a acessibilidade ao conteúdo algo tão fundamental. Já que falamos sobre inclusão, temos que dar o exemplo e para fazer isso acontecer, procuramos a Lívia Motta, uma das maiores especialistas em audiodescrição do Brasil. Ela mais que gentilmente aceitou participar do projeto, realizando a descrição em texto e a audiodescrição das nossas tirinhas e hoje é considerada a 5ª Super Normal.
VER COM PALAVRAS Como tem sido a aceitação do público?
Surpreendente. A página dos Super Normais foi colocada no ar no início de setembro e em menos de dois meses chegamos a quase 800 curtidas e uma média de 8 mil leitores por semana. Não são só esses números que nos deixam contentes. Temos canais de interação com os leitores e temos recebido mensagens de apoio, e principalmente, mensagens de surpresa. Quem gosta das nossas tirinhas, percebe que falamos sobre o tema de um jeito diferente e que faz pensar sobre inclusão e sobre deficiências de um jeito bem-humorado, inteligente e sem deixar de ser crítico.
VER COM PALAVRAS Quais os planos para o futuro?
Queremos que o projeto cresça ainda mais. Estamos com planos de ter canecas e camisetas dos Super Normais para o fim do ano, além de estarmos pensando em formas de viabilizar uma edição impressa das nossas tirinhas. Queremos também nos aproximar do público infanto-juvenil. Estamos estudando projetos para realizar um trabalho voltado à educação, que possa levar as nossas tirinhas para dentro das salas de aula. 2013 será um bom ano.
Entrevista com os Super Normais – publicada em 17/02/2013

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

SUPER NORMAIS – TIRINHA 1 COM AUDIODESCRIÇÃO


TIRINHA 1
OUÇA AQUI A AUDIODESCRIÇÃO DA TIRINHA 1ou leia em texto, logo abaixo:
SUPER NORMAIS – O poder da diferença.
A tirinha de 29/10/2012, em preto e branco, com três quadros, apresenta um homem cadeirante, com cabelos claros e lisos, um grande topete caído na testa, sobrancelhas pretas, óculos pequenos redondos na ponta do nariz e cavanhaque. Ele usa camisa branca e calça preta.
Q1: O homem, segurando um jornal bem próximo ao seu rosto, diz com a boca aberta e cara de contrariado: Essa tira não muda nada pra mim.
Q2: No jornal aberto, a manchete que diz: ANALFABETISMO ATINGE 9% DA POPULAÇÃO … e o desenho de uma pequena bandeira brasileira.
Q3: O homem segurando o jornal de cabeça para baixo, no meio da sala, sentado em sua cadeira de rodas, diz:  Continuo com deficiência.
Audiodescrição: VER COM PALAVRAS
Narração: Marcelo Sanches

Fonte - http://www.vercompalavras.com.br/blog/?p=1288

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Mais desafios que avanços - Educação Inclusiva


GARANTIR A MATRÍCULA NÃO QUER DIZER QUE A INCLUSÃO DO ESTUDANTE REALMENTE EXISTIRÁ.

O CONTEÚDO DO VÍDEO É BOM, PORÉM, INFELIZMENTE NÃO É INCLUSIVO, POIS NÃO EXISTE UM INTERPRETE EM LIBRAS PARA QUE AS PESSOAS SURDAS TAMBÉM TENHAM ACESSO A INFORMAÇÃO.

É REALMENTE TRISTE VERMOS ESSE TIPO DE MATERIAL SEM GARANTIR O DIREITO DE TODOS UMA VEZ QUE O ASSUNTO EM PAUTA É JUSTAMENTE ESSE!  : (



A Política Nacional para a Educação Inclusiva: Avanços e Desafios

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A hora e a vez da família em uma sociedade inclusiva

A hora e a vez da família em uma sociedade inclusiva
Ilustrações Cayo Ogam

                                                                                                 Ilustrações Cayo Ogam

Iniciando nossa conversa... Filhos com deficiência: Escola? Reabilitação? Trabalho? Esporte? Lazer? Pais e familiares, é hora de conversar sobre isso!

Esta cartilha foi escrita para orientar os pais nas questões relativas às necessidades especiais de filhos com deficiência, assumindo uma atitude ativa na direção da própria vida e da vida deles, participando das escolhas e decisões, especialmente quanto ao processo educacional. Esperamos, assim, contribuir para a construção da cidadania das crianças com deficiência e de suas famílias.

Você que é pai ou mãe de uma criança com deficiência já deve ter ouvido falar em educação inclusiva, inclusão social ou sociedade inclusiva. O que isso vem a ser exatamente e o que tem a ver com seu papel de pai ou mãe?

A ideia de uma sociedade inclusiva nasceu da união de forças de pessoas no mundo todo. Na área da atenção às pessoas com deficiência, elas próprias, seus amigos e familiares tiveram um papel fundamental, organizando grupos para cobrar da sociedade a garantia de seus direitos. Esses direitos referem-se à educação, à saúde, ao trabalho, ao esporte e ao lazer. Representantes desses grupos participaram ativamente do processo da formulação da Constituição de 1988, e isso fez com que o Brasil fosse um dos países com uma legislação reconhecidamente mais avançada na área de atenção às pessoas com deficiência.

No entanto, o desafio é transferir esses direitos do papel para a vida diária dessas pessoas. Trata-se de construir prédios que facilitem o ir e vir de todos e escolas capacitadas para receber alunos com deficiência, assim como disponibilizar serviços de saúde com profissionais para atender essas pessoas. Tudo isso deve ocorrer ao mesmo tempo que se desenvolvem ações para prevenir as deficiências. O mercado de trabalho deve dar oportunidade aos profissionais com deficiência, entre outras medidas.

Em uma sociedade inclusiva, as diferenças sociais, culturais e individuais são utilizadas para enriquecer as interações e a aprendizagem entre os seres humanos. Trata-se de uma mudança profunda no comportamento e na atitude das pessoas.No caso específico das pessoas com deficiência, promover a compreensão da diversidade é a forma mais coerente de favorecer a inclusão social e a aprendizagem delas.

Mas, para mudar essa atitude, é necessário o envolvimento direto das famílias e que esse processo de mudança seja iniciado por elas, uma vez que a formação do cidadão começa em casa. É na família que são desenvolvidos valores, hábitos e ideias sobre as coisas e o mundo, e é nela que aprendemos a nos relacionar com os outros. Portanto, a construção dessa sociedade inclusiva começa em casa. Os pais e as próprias pessoas com deficiência são seus principais agentes.

Entretanto, ainda hoje, a maioria da população não está acostumada a participar ativamente de reuniões em igrejas, escolas e outras associações da comunidade. Isso faz com que os indivíduos se isolem e muitos assuntos deixem de ser discutidos. No caso da chegada de uma criança com deficiência, a falta de informações da família é ainda maior. Muitos pais não sabem como agir nem decidir o que é melhor para os filhos, deixando para médicos, professores, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas essa responsabilidade.

Assim, numa sociedade inclusiva, a relação dos profissionais com os familiares deve ser de cooperação, juntos na direção do atendimento das necessidades especiais da criança. Os objetivos a serem alcançados e as decisões a serem tomadas devem ser discutidos entre todos os envolvidos. Cabe aos profissionais esclarecer todos os passos do atendimento a ser realizado e o que vai acontecer. A decisão dos familiares deve estar baseada em informações dadas por esses profissionais.

Uma outra tarefa de grande importância dos pais é a escolha da escola, de como desejam que seus filhos sejam educados, devendo respeitar os valores e as crenças da família. Enfim, para se construir uma sociedade inclusiva, é fundamental que os pais tenham autonomia para cuidar das questões relacionadas às necessidades especiais de seus filhos. Em uma sociedade inclusiva, a família de pessoas com deficiência deve estar presente em todos os momentos, participar das decisões, fazer valer os seus direitos e lutar por melhores condições de vida para todos.

Hora de ir à escola
A escola tem um papel muito importante na vida da criança e do jovem. Ao entrar na escola, eles têm a oportunidade de conviver e de se relacionar com diferentes pessoas, aprendendo a perceber que todas têm características próprias, que nenhuma é igual a outra. Dessa forma, eles vão passar por muitas experiências novas e, assim, agir, reagir, mudar sua forma de pensar, criar um jeito próprio de se relacionar com o mundo.

A criança com deficiência deve frequentar a creche comum

Por isso, é fundamental que a escolha da escola seja feita levando-se em consideração que ela também irá contribuir para a educação e a formação de seu filho. Não espere seu filho completar 7 anos de idade. A procura por escola deve ter início na Educação Infantil, como para toda e qualquer criança. Procure na sua comunidade uma escola de Educação Infantil comum.

A organização da Educação Infantil pode variar, apresentando-se de formas diferentes nos muitos municípios e estados do Brasil. No entanto, não importa o nome que esses espaços apresentam, o que importa é que eles estejam adequados à faixa etária das crianças, tanto do ponto de vista do espaço físico como da proposta pedagógica. Exemplificando, podemos dizer que, em alguns estados, as crianças são atendidas em creche, associação, centro infantil, pré-escola ou centro de convivência. O ingresso da criança na escola, na Educação Infantil (creche e pré-escola), é de fundamental importância, por todos os aspectos físicos, sociais, emocionais e psicológicos,e uma ótima etapa do desenvolvimento, que servirá de base para toda a sua vida futura. Procure, na sua comunidade, uma escola de Educação Infantil comum. Matricule seu filho com deficiência na creche mais próxima de sua casa.

A fase da escolarização

Esse momento também pode gerar aflição e angústia nos pais. Afinal, o que é melhor? Vamos examinar alguns aspectos.

• Escolas grandes ou pequenas?

Os pais, mais do que ninguém, conhecem e sabem o que mais ajudará no desenvolvimento de seus filhos para que eles cresçam confiantes e felizes. Crianças tímidas se sentirão mais confortáveis em escolas pequenas, onde todos se conhecem pelo nome. Porém, ingressar numa escola grande pode ser um desafio e um estímulo para que elas aprendam a se relacionar em ambientes desse tipo. Cada caso merece uma solução.

• Escolas inclusivas ou especializadas?

Atualmente, há uma tendência mundial de reconhecer os benefícios que uma escola inclusiva traz para todos os alunos. Nessas escolas, as crianças aprendem umas com as outras. Crianças sem deficiência aprendem a reconhecer e valorizar as diferenças entre seus colegas. Crianças deficientes aprendem a conviver e a lidar com a deficiência em um ambiente novo, fora do círculo familiar ao qual estão acostumadas. Essa convivência vai trazer muitos benefícios para seu futuro, pois a escola, como um recurso da comunidade, representa a sociedade tal como ela é.

Uma escola inclusiva se caracteriza por aceitar, respeitar e valorizar alunos com diferentes características: meninos e meninas; altos e baixos; gordos e magros; pobres e ricos; negros; brancos; índios; cegos; surdos; cadeirantes; que usam lupa, calçado ortopédico, aparelho no ouvido; que têm doença crônica; que são católicos, protestantes, evangélicos e outros. É uma escola construída sob o princípio da educação como direito de todos os cidadãos. É um objetivo a ser alcançado pela luta por uma escola pública gratuita e de qualidade. Dessa forma, a escola inclusiva atende a população com faixas de idade próprias de cada etapa: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior.

Uma escola inclusiva deve garantir também condições para que as crianças possam se locomover em todos os ambientes, providenciando a construção de rampas ou elevadores para acesso — inclusive aos pisos superiores — e de banheiros adaptados para acomodação de cadeiras de rodas, colocação de corrimãos, instalação de piso antiderrapante, sinalização para alunos com baixa visão e para alunos surdos. Assim, todos os alunos terão condições de frequentar a totalidade das aulas. Devemos lembrar que a Constituição de 1988 assegura igualdade de condições de acesso e permanência no sistema educacional para todos.

• Qual o melhor método de ensino?

Não se pode aceitar que uma criança com deficiência seja simplesmente colocada no mesmo espaço que as demais sem que a escola se preocupe em atender às suas necessidades educacionais especiais. Ao mesmo tempo que frequentam a classe comum, os alunos com deficiência têm direito a um apoio pedagógico especializado, em outro horário. Têm direito, também, aos recursos materiais e pedagógicos para facilitar e garantir o aprendizado do currículo escolar. No caso de classes em que participam crianças com deficiência, é recomendável um número menor de alunos, embora o ideal seja a redução do número de alunos em todas as classes. Contudo, muitas vezes essa medida não pode ser posta em prática de imediato, em função do pequeno número de escolas do município.

Os pais devem participar de reuniões em que se discutem questões sobre a educação de seus filhos, colaborando com sugestões para a melhoria das condições das escolas, como, por exemplo, a redução do número de alunos, que pode ocorrer ano após ano. É importante que a escola respeite cada criança, com seu jeito próprio de aprender, considerando, dessa forma, seus interesses. Uma escola com um método e objetivos únicos para todos os alunos está mais que ultrapassada.

Ao elaborar os planos de trabalho que fazem parte do projeto pedagógico, as escolas assumem o compromisso de oferecer educação de qualidade para todas as crianças, utilizando métodos diferentes para atender às necessidades específicas dos alunos. Adequar o processo de ensino às necessidades dos estudantes é um importante fator para o sucesso da aprendizagem. Nenhum método de ensino dá conta, por si só, da variedade de experiências e comportamentos dos alunos. Nas classes em que os trabalhos são feitos em grupo e os educandos colaboram uns com os outros para a construção do conhecimento, as aulas tornam- -se mais interessantes, com mais possibilidades de garantir o sucesso da aprendizagem de todos os alunos.

• Como organizar as classes?

Ainda hoje, apesar de todas as informações disponíveis, é grande o número de crianças que vivem trancadas em casa, sem acesso aos espaços da comunidade e, principalmente, à escola. Porém, todas as crianças devem ir para a escola!

Para resolver essa questão, os municípios devem elaborar um plano e realizar um levantamento do número de crianças que estão fora da escola. Realizado o levantamento e identificados os bairros onde moram as crianças com deficiência, as secretarias municipais de Educação devem viabilizar a matrícula de todas elas em escolas comuns mais próximas da residência de cada uma.

Hoje, felizmente, toda a sociedade já se conscientizou da necessidade e importância de as crianças conviverem na escola do bairro, com os apoios que se fizerem necessários. Assim, as escolas são orientadas a matricular as crianças com deficiência nas classes comuns, onde terão acesso ao currículo desenvolvido pelo professor do ano correspondente. A equipe escolar, formada pela direção e coordenação pedagógica, deve acompanhar esse processo e organizar os serviços de apoio que alguns alunos venham a precisar.

O serviço de apoio deve estar disponível na escola para atender os alunos em período diferente do da classe comum, para oferta de atendimento educacional especializado na área de deficiência do aluno e deve ficar sob a responsabilidade de um professor especializado na área da deficiência do educando. Ele trabalhará em parceria com o professor da classe comum, buscando, juntos, a solução para as necessidades dos alunos.

O atendimento educacional especializado pode receber denominações diferentes nos diversos municípios e estados do Brasil. Normalmente, é chamado de serviço de apoio pedagógico especializado, sala de apoio, sala de recursos ou serviço de atendimento educacional especializado. Os pais devem conhecer esses recursos e avaliar o seu funcionamento, conversando com os professores e a equipe técnica da escola em caso de dúvida.

Como se realiza o atendimento educacional especializado para os alunos com deficiência?


Nesse espaço, o professor especializado vai trabalhar com os alunos as questões relativas às necessidades específicas de aprendizagem, para que eles possam acompanhar e ter acesso a todas as atividades do currículo desenvolvido na classe comum. Mas, em algumas regiões, municípios ou bairros, pode não haver professor capacitado para oferecer o apoio pedagógico especializado. Saibam que isso não é impedimento para uma criança com deficiência frequentar a escola. Nas escolas inclusivas, os professores são os responsáveis pelo processo de aprendizagem de todos os alunos. Um bom professor será, também, um bom professor para os alunos com necessidades educacionais especiais.

As escolhas para cada criança devem ser feitas sempre em conjunto com a família, que não deve deixar para a escola a responsabilidade de definir, sozinha, que tipo de cidadão deve ser formado. Os pais devem estar presentes, acompanhar e participar da resolução dos problemas da escola relacionados ao desenvolvimento dos alunos e, em particular, do seu filho, ajudando-o a superar as dificuldades e aplaudindo os seus progressos. Pais, façam parte da escola!

As escolas oferecem várias oportunidades para a participação dos pais, previstas no projeto pedagógico, como conselho de escola, associação de pais e mestres e outras, dependendo da região. Procure, portanto, participar ativamente da vida escolar do seu filho. Nas reuniões da associação de pais e mestres, acompanhe o desempenho de seu filho e dos colegas dele. Procure ficar a par dos apoios de que a escola dispõe e se há supervisão aos professores. Lembre-se, ainda, de que o recomendável é que seu filho com deficiência seja matriculado na série correspondente à sua idade. Jovens e adolescentes precisam conviver com seus pares.

Escola com disciplina mais rígida ou mais liberal? Gratuita ou paga?

Essa escolha deve ser coerente com as crenças e maneiras de os pais educarem seus filhos. O relacionamento entre a família e a escola deve ser harmonioso, favorecendo o diálogo sobre as diferenças de valores e pontos de vista sobre a educação. A escolha da escola deve ser adequada ao modo de vida da família. Há muitas escolas públicas e gratuitas que oferecem boas condições aos alunos. A escola pública é da população que paga impostos e tem direito a um ensino de qualidade.

É recomendável conversar com outros pais e outras mães para decidir o que desejam para os seus filhos. Além disso, é importante que a criança frequente uma escola próxima de sua casa. Assim, ela poderá conviver com as crianças da vizinhança,com colegas da mesma rua. Observe alguns aspectos da escola na hora de decidir onde matricular seu filho. Algumas características podem indicar se ela está adequada aos objetivos da família. Lembre-se: a escola inclusiva, pública e gratuita é a escola que acolhe todas as crianças, oferecendo-lhes uma educação de qualidade.

Para saber se uma escola é inclusiva, observe:

• Alunos brancos, negros, com deficiência, de várias idades, pobres e ricos, de toda a comunidade estudam juntos?

• O espaço físico é adequado às necessidades dos alunos com deficiência, isto é, esses alunos podem circular livremente por todos os ambientes da escola?

• Existem condições, previstas em leis, para garantir melhor locomoção aos que possuem alguma deficiência, mas será que as escolas estão instalando, ainda que seja aos poucos, todos os itens essenciais, como: banheiros com espaço para cadeira de rodas, portas mais largas, barras de apoio, pias e espelhos na altura de uma pessoa sentada, rampas ao lado de escadas com corrimão, sinais luminosos junto com sinais sonoros, piso com diferença de texturas, telefone para surdos e outros?

• A escola oferece recursos e equipamentos específicos para atender às necessidades educacionais das crianças cegas, surdas, com deficiências físicas e motoras?

A escola tem os equipamentos e recursos de apoio necessários?

• Kit para deficiência visual: A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação envia para as secretarias estaduais de Educação um conjunto de materiais específicos, como bengala, soroban — material para cálculo de matemática —, reglete e punção — instrumentos para escrever em braile — para cada aluno com deficiência visual matriculado em escola pública.

• Mapas e livros em braile, além de outros materiais, como livros falados, livros em tipos ampliados com letras grandes para alunos com baixa visão, lupas, luminárias.

• Dicionários de Língua Brasileira de Sinais (Libras).

• Fitas de vídeo com histórias em Libras.

• Material visual.

• Métodos de comunicação alternativa, como prancha com sinais — símbolos que correspondem às letras usadas por crianças que não conseguem falar.

• Lápis engrossado com fita crepe ou barbante para crianças com dificuldade motora.

• Carteiras adaptadas para facilitar a entrada de cadeira de rodas.

• Pranchas de madeira para prender papel ou caderno.
Além desses recursos específicos, a escola de seu filho atende às condições abaixo?

• Oferece períodos de capacitação aos professores de classes comuns, em reuniões de estudo com professores especializados, com supervisão de profissionais da delegacia de ensino e coordenadoria ou diretoria de ensino (conforme a região)?

• Oferece serviço de apoio pedagógico especializado em período diferente do período em que o aluno frequenta a classe comum (sala de recurso com professor especializado, o qual pode realizar um trabalho itinerante, indo às escolas onde os alunos estão matriculados)?

• A escola oferece condições de participação da família, como: reuniões de pais e mestres, conselhos de escola, associação de pais e mestres e outras próprias de cada unidade escolar?

• Existem projetos que envolvem a comunidade, como os estudos de meio ambiente e socioculturais, atividades desportivas e recreativas?

É recomendável que:

• Seu filho seja matriculado em uma série de acordo com a idade.

• As classes com alunos com deficiência tenham um menor número de crianças.

• Seu filho frequente uma creche.

• Seu filho inicie os estudos na pré-escola, como todas as outras crianças.

Hora de conversar com o médico

Todo bebê deve ir ao médico com frequência, tomar as vacinas adequadas à idade e tratar das doenças corriqueiras que podem afetar qualquer bebê, a fim de que se acompanhe seu desenvolvimento. É importante aproveitar essas ocasiões para tirar todas as dúvidas. Os pais nunca devem sair da consulta sem ter entendido o que o médico recomendou. Ele deve informar os familiares sobre a saúde do bebê numa linguagem simples, a fim de que qualquer pessoa entenda. Pense que o médico é um importante colaborador nesse processo. Ele escolheu uma profissão que exige saber lidar com pessoas. O bom médico, além de deter todo o conhecimento da sua especialidade, deve gostar de se relacionar com os pacientes.

Iniciando o processo de reabilitação

Reabilitação: O que é? Para que serve? Até quando? Meu filho vai ficar curado?

O primeiro passo é analisar profundamente o que se deseja. Espera-se a “cura” de seu filho? Primeiramente, é preciso considerar que a deficiência não é uma doença e, portanto, não se trata de “curá-la”. A deficiência é uma condição com a qual o indivíduo aprende a conviver. Na verdade, a reabilitação busca auxiliar a pessoa a encontrar outras formas de lidar com os problemas diante das características da deficiência e do que cada pessoa deseja para sua vida.

Podemos usar um exemplo simples, como a pessoa se locomover no dia a dia:

• Pessoas com deficiência física podem aprender a utilizar aparelhos que a ajudem nessa tarefa, tais como: muletas, bengalas, cadeiras de rodas, andadores.

• Pessoas com deficiência visual devem aprender a se localizar e explorar os espaços, identificando diferentes tipos de piso e obstáculos no caminho, utilizando uma bengala longa.

• Pessoas com deficiência auditiva necessitam de sinais visuais junto aos sinais sonoros. Aprender a usar aparelho auditivo também ajuda na identificação dos barulhos e ruídos que existem em qualquer cidade, possibilitando maior independência e segurança.

Ao procurar um serviço de reabilitação, os pais devem ter certeza dos objetivos a serem alcançados. A reabilitação não deve se limitar a melhorar a função motora dos braços, das pernas, dos músculos e a utilizar melhor os órgãos dos sentidos, como a visão e a audição. Deve também, para ter sucesso, fazer com que a pessoa trace seu plano de vida, seus objetivos e defina como alcançá-los. E deve igualmente contribuir para que a pessoa construa esse plano de vida, respeitando seus limites, mas, principalmente, descobrindo suas possibilidades.

A reabilitação é um serviço que pode ser utilizado em vários momentos da vida e, em cada um desses momentos, deve ter um objetivo claro a ser alcançado. Uma vez alcançado esse objetivo, o processo de reabilitação deve ser concluído. Não é adequado que esse seja um processo sem fim, que acompanhe a vida inteira da pessoa. Esse processo deve auxiliar cada pessoa a viver dentro de suas possibilidades, e não se tornar seu objetivo de vida e a única atividade que realiza. Há famílias que fazem da vida de seu filho com deficiência uma sequência de terapias, sem deixar espaço para a criança brincar, estudar, enfim, viver como qualquer criança.

As relações entre pais e profissionais

Da mesma forma que é importante a família estar junto da escola, os pais devem fazer uma aliança com os profissionais de reabilitação, que são os médicos, os terapeutas ocupacionais, os fisioterapeutas, entre outros, ainda que isso não seja uma tarefa fácil no início.

Cabe a esses profissionais auxiliar os pais nessa nova trajetória. Geralmente, no começo, os pais sentem-se muito inseguros pela situação nova que estão vivendo. Sentem--se, também, despreparados em relação à deficiência, e isso pode gerar dificuldades nos primeiros contatos com especialistas. Sabemos que viver essa nova realidade não é uma escolha. Eles têm que aprender a lidar com uma situação desconhecida, que é a convivência diária com uma criança com deficiência e todas as recomendações de médicos e terapeutas.

Os pais devem fazer uma aliança com os profissionais de reabilitação, que necessitam da cooperação dos pais também em casa para o melhor desenvolvimento do tratamento. Por isso, os pais precisam de orientação, de incentivos e de momentos de desabafo para não terem sentimentos de culpa quando não conseguirem dar conta de todas as recomendações. Os profissionais devem valorizar o saber dos pais e incentivar pequenas iniciativas. Os diálogos e as trocas de informação aproximam a família e os especialistas, e assim fica mais fácil alcançar os objetivos traçados.

Com base nos estudos de Gabriela Mader (1996), estabelecemos a relação pais-profissionais, que pode assim ser descrita:

• Os pais esperam compreensão, consolo, incentivo, momentos para descarregar sentimentos de culpa, palavras de esperança, pessoas que escutem e pessoas com quem dividam a responsabilidade.

• Os profissionais esperam interesse pelo programa de reabilitação, compreensão, informações corretas do que é realizado em casa com a criança, otimismo em relação à reabilitação e cooperação para o alcance dos objetivos.

Essa relação entre os pais e os profissionais pode se tornar cada vez melhor. Para isso, é necessário que as instituições especializadas, como os centros e as clínicas de reabilitação, repensem seu papel e cedam espaço para a família e para a comunidade. É preciso que os profissionais se coloquem a serviço das famílias. Por outro lado, essa mudança faz com que os pais assumam uma atitude mais confiante em relação ao que desejam para seus filhos. O sucesso do processo de reabilitação depende, em grande parte, dessa aliança dos pais com os profissionais que atendem as crianças.

Hora de participar da cultura, do esporte e do lazer

Futebol, piscina, cinema... A cultura, o esporte e o lazer em nossa vida são aspectos que merecem atenção tanto quanto a educação, a saúde e a reabilitação.

Falar de participação em uma sociedade inclusiva é falar de qualidade de vida. E o que vem a ser qualidade de vida? Viver com qualidade significa fazer todas as coisas próprias de cada idade, ou seja, brincar, passear, pertencer a um grupo, conversar, namorar, amar, sofrer, ter ilusão, ter desilusão, enfim, passar por todas as experiências comuns ao ser humano. Significa lutar para alcançar seus objetivos e satisfazer seus desejos. Significa, ainda, poder produzir e se beneficiar da cultura de uma comunidade, participar coletivamente de esportes e de momentos de lazer.

Mais uma vez, a família tem um papel importante no favorecimento dessas experiências. Para tanto, é necessário garantir que essas atividades estejam sempre presentes. Não se trata simplesmente de usar a cultura, o esporte e o lazer como etapas, ou fases, da reabilitação e da educação. Eles têm uma importância em si mesmos e devem ser vistos como experiências únicas. Para pessoas com deficiência, essas experiências, ao lado da educação e do trabalho, aprofundam e ampliam as amizades, o sentimento de pertencer a um grupo, garantindo o seu direito de viver plenamente e utilizando os recursos da sua comunidade.

Hora de desenvolver a vida social

Uma das funções mais importantes da família — e, em particular, da família de pessoas com deficiência — é favorecer a participação dos filhos em todos os espaços da comunidade. Todas as crianças aprendem a se relacionar e enfrentar as situações
do dia a dia, formando seu círculo de amizade. Essa aprendizagem é tão importante quanto a capacidade de ler, escrever ou trabalhar, pois é na relação com os amigos que formamos nosso grupo e criamos nossa identidade.

Muitas pessoas com deficiência convivem apenas com familiares próximos, e, assim, esse lado social fica prejudicado. Perdem a oportunidade de conversar, trocar ideias, mostrar seus limites e suas possibilidades, sentir-se à vontade conversando naturalmente em grupos, expor seus pontos de vista e expressar educadamente seus desejos, aborrecimentos, gostos e suas contrariedades. Esses aspectos da vida em sociedade são adquiridos a partir do relacionamento diário na infância e dependem de todas as experiências vividas pela criança ao longo da vida. Isso vem confirmar a importância e a necessidade das brincadeiras e das tentativas de interação de todas as crianças.

É recomendável que os pais permitam e incentivem a participação de seus filhos nas brincadeiras com vizinhos e em grupos de cultura, lazer e esporte com outras crianças, fazendo-os vivenciar o maior número de situações possível.

A mulher gestante deve estar informada de seus direitos, tais como:

• Direito a todos os exames pré-natais durante a gravidez e assistência durante o parto.

• Direito a ficar com seu bebê desde o nascimento.

• Direito a que essa criança receba todos os cuidados ao nascer, acompanhada de um médico pediatra ou neonatologista, isto é, o médico especialista em recém-nascidos.

• Direito a que seja realizado o teste do pezinho e a que sejam tomadas todas as medidas para prevenir deficiências futuras.

• Direito a ser informada adequadamente e corretamente sobre as possíveis deficiências de seu filho.

• Direito a amamentá-lo até os 2 anos de vida. Lembre-se de que, nos primeiros meses de vida, o bebê necessita somente de leite materno. Não há necessidade de oferecer a ele nem mesmo água.

• Direito a serviços de reabilitação, o mais cedo possível, nos casos em que se constatar deficiência.

Todos esses direitos devem fazer parte da vida de qualquer pessoa em qualquer lugar do País. Caso surjam problemas, o mais indicado é procurar o responsável pela instituição que oferece o serviço, nas áreas de educação, saúde, trabalho ou outra. Lembramos que o conselho tutelar é o primeiro apoio a ser procurado para garantir os direitos de seu filho, como ir à escola, por exemplo. O promotor público também é um profissional que pode colaborar muito na garantia desses direitos. No entanto, os pais devem procurar o Ministério Público quando as tentativas anteriores não derem resultado. Encontrar soluções conversando com pessoas próximas da comunidade, como o diretor da escola ou do hospital, o chefe da clínica ou o gerente da empresa, é sempre o melhor caminho para os pais, para os profissionais e, principalmente, para as crianças. Sabemos que isso nem sempre é muito simples. Mas a união dos pais em associações de bairro fortalece a todos e agiliza as decisões e ações das autoridades responsáveis.

Pais e familiares, vocês não estão sozinhos!

Ser pai e mãe na nossa sociedade vem se tornando, cada vez mais, uma tarefa difícil e solitária. Nossos pais e nossos avós viveram em épocas diferentes, quando a comunidade era menor, as pessoas se conheciam e se podia contar com a ajuda dos vizinhos. As crianças brincavam em grupos, os adultos se reuniam para conversar, parecia mais fácil educar as crianças, pois todos se sentiam responsáveis.

O mundo atual oferece oportunidades variadas para o crescimento e desenvolvimento das crianças, abrindo-lhes imensas possibilidades de realização pessoal. Entretanto, nunca estivemos tão inseguros quanto ao futuro de nossos filhos e à melhor maneira de educá-los. Hoje em dia, são comuns os lares onde o cuidado dos filhos fica sob a orientação da mãe. A chegada de um filho com deficiência altera a rotina das famílias. Também, nesse caso, é a mãe quem assume a maior parte das responsabilidades, tornando-se a figura forte da casa. Algumas vezes, parece que toda a família gira ao redor dessa criança, deixando os irmãos em segundo plano. Há, ainda, o risco de distanciamento do pai, que, algumas vezes, afasta-se ou abandona a família. Cabe à mãe, mais uma vez, a tarefa de conduzir e orientar os familiares nessa nova caminhada.

Atenção, pais!

Procurem discutir em família todos os assuntos relativos à educação de seus filhos, incluindo aquele que possui uma deficiência. Convide toda a família para participar das reuniões e demais oportunidades que a escola ou a instituição de reabilitação oferecer. Muitas vezes, as instituições organizam grupos de pais e de irmãos. Esses são momentos muito ricos para criar e fortalecer os vínculos entre os familiares e aqueles que têm uma experiência de vida semelhante. Não ficar isolado depende de cada um.

Finalizando...

Ao olhar para uma pessoa que conseguiu se encaminhar bem na vida, tenha certeza de que, em sua história, há uma família que reuniu apoio e incentivo a cada pequena conquista sua. Da mesma forma, ocorre com pessoas com deficiência. Ao lado de uma pessoa com deficiência feliz e realizada, está uma família que soube procurar, reivindicar, buscar soluções, que soube administrar as questões da deficiência: pessoas que, em vez de se deixarem abater, foram buscar — junto a médicos, professores, terapeutas, amigos, vizinhos e famílias com conhecimento ou experiências semelhantes — os caminhos para a superação das dificuldades.

No dia a dia, a família tem a oportunidade para adquirir conhecimentos e informações relevantes, para apoiar e favorecer o desenvolvimento social, pessoal e educacional de seu filho com deficiência. Tal aprendizagem é fundamental para a tomada de decisões. Para tanto, exigem-se paciência, otimismo, confiança e a certeza de que qualquer mudança, para ser alcançada, precisa do esforço conjunto de pessoas unidas por um mesmo objetivo.

Fonte: • PAULA, Ana Rita de. A Hora e a Vez da Família em uma Sociedade Inclusiva. Brasília: Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial, 2007.

Referências bibliográficas
• Brasil. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial. Direitos à Educação: Subsídios para a Gestão dos Sistemas Educacionais:
Orientações Gerais e Marcos Legais. Organização e coordenação: Marlene de Oliveira Gotti [et. al.]. Brasília, 2004.
• Brasil. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial. Educação Inclusiva: O Município. v. 2. Organização: Maria Salete Fábio Aranha. Brasília, 2004.
• Brasil. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial. Educação Inclusiva: A Família. v. 4. Organização: Maria Salete Fábio Aranha. Brasília, 2004.
• Brasil. Ministério da Educação – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Educação para Todos: Avaliação da Década. Organização: Cenpec. Brasília, 2000.
• Brasil. Ministério Público Federal – Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. O Acesso de Aluno com Deficiência às Escolas e Classes
Comuns da Rede Regular. Organização: Fundação Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva. Brasília, 2004.
• Brasil. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, 2001.
• Brasil. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial. Ensaios Pedagógicos Construindo Escolas Inclusivas. 1ª ed. Organização:
Sorri-Brasil. Brasília, 2005.
• Brasil. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial. Projeto Escola Viva: Garantindo o Acesso e a Permanência de Todos os Alunos na Escola. Organização: Sorri-Brasil. Brasília, 2000.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Sugestões de Atividades - História


Sempre que participamos de alguma formação continuada, palestras, cursos ou seminários ouvimos que não existe uma "receita pronta" e acabamos usando este mesmo discurso. Mas como professora de sala, com minhas dúvidas e anseios diante do desafio de proporcionar a melhor aprendizagem para meus alunos sempre fiquei muito incorformada ao ouvir isto.


Talvez por isso decidi criar este blog, não para trazer receitas prontas, mas para propor ingredientes que poderão ser modificados de acordo com a sua funcionalidade e com a necessidade de cada aluno.

Gosto de ressaltar  que muitas vezes o aluno com deficiência  precisa de um material adaptado devido a sua deficiência, mas não necessita de uma aula especial para ele. Ao planejar nossas aulas, nós professores, precisamos preparar uma aula para TODOS.


Incas, Maias e Astecas

Quando esta professora me pediu sugestões para trabalhar com o aluno com deficiência eu pedi a ela o que seria oferecido aos demais alunos da sala. Este é um ponto que deve ficar muito claro, nossos alunos com deficiência não precisam de uma aula especial, eles podem e devem receber as mesmas explicações e conteúdos, basta um material adaptado que pode ser preparado até mesmo pelo professor.

Informações que recebi da professora:
  1. Leitura de texto informativo;
  2. Observação do Mapa das Américas;
  3. Pintura do mapa, identificando os países que tiveram a presença das civilizações pré-colombianas;
  4. Recorte de gravuras para montar um mural;
  5. Produção textual;
  6. Avaliação.

Sugestões do AEE para a professora:
  1. O aluno poderia participar com os demais alunos nos itens 1 e 2;
  2. Para complemtar levei um cd de música dos Andes, TODOS os alunos iriam ouvir;
  3. Este aluno em questão tem paralisia cerebral e o controle motor comprometido, ao invés de pintar o mapa ele iria localizar os países com bandeirinhas;
  4. Ao invés de recortar as gravuras, ele poderia selecioná-las entre outras e montar o mural com seus colegas;
  5. O jogo de memória, para que todos os alunos da sala pudessem jogar, foi oferecido e sugerido uma nova regra: ao encontrar os pares os alunos poderiam falar a respeito dela. Como pode-se observar na foto o jogo de memória foi feito em e.v.a para facilitar o manuseio;
  6. A produção textual também é possívem, mesmo que o aluno não tenha desenvolvido a habilidade da escrita convencionalmente. Neste caso o texto é feito com lacunas onde o aluno completa com gravuras;
  7. A avaliação pode ser feita a todo instante, observando as respostas do aluno diante do material oferecido.
                                      



Para completar este "kit", levei um par de meias de lã de lhama e uma bolsinha de artesanato chileno. São objetos que podem ser relacionados e servir como ponte para os alunos.
Creio que é possível perceber que esta é uma aula preparada para TODOS e adaptações como o e.v.a no jogo, as plaquinhas para o mapa e as gavuras para o texto permitirão a participação do aluno com deficiência.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Sugestões de Atividade - Geografia

Uma das atribuições do professor de AEE é orientar os professores e sugerir materiais adaptados que facilitem a participação do aluno com deficiência nas aulas. O objetivo é eliminar as barreiras que impedem a participação efetiva deste aluno nas aulas, por isso é fundamental testar com o aluno cada material antes de ser usado em sala de aula.

Sistema Solar

Este foi o primeiro material adaptado que preparei a pedido da professora de Geografia da nossa escola. Esta seria uma aula sobre  o sistema solar, vejam como é importante observar e estar atento aos sinais que nossos alunos nos dão...

  • A idéia inicial foi usar um caderno velcrado (velcro colado em um papelão), etiquetas com o nome dos planetas e, é claro, os planetas em E.V.A, assim como as etiquetas.
  • Em saquinhos individuais organizei o nome dos planetas com letras emborrachadas, para que pudessem ser montados pelo aluno, de acordo com as solicitações da professora.
  • A professora me trouxe uma cópia do desenho dos planetas de acordo com a proporção de seus tamanhos, foi neste ponto que pequei!
>>> Tive a idéia de fazer os planetas maiores em papel machê e os menores com massinha de modelar. Realmente acreitei estar acertando na idéia (isso pode ser constatado na foto onde estou animada).
Como eu disse anteriormente, é fundamental "testar" o material com o aluno durante os atendimentos e foi neste momento que o aluno, com paralisia cerebral e com a fala bastante comprometida, apontou as "falhas" do material preparado:


  • Massinha de modelar, nem pensar! A dificuldade de controle motor faz com que o aluno esmague;
  • Objetos muito pequenos também dificultam o manuseio;
  • O E.V.A. é ótimo para trabalhar, mas em certos casos rasga com muita facilidade.
Foi combinado com o aluno que o material preparado em papel machê e massinha serviriam para observar a diferença de tamanho entre os planetas e o material velcrado poderia ser manuseado durante as aulas.
É importante colocar que com este material a professora de sala pode explicar o conteúdo, realizar atividades e verificar  o que o aluno compreendeu acerca do que foi abordado com TODOS os alunos.






fonte: http://espacoaee.blogspot.com.br/

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Primeiros passos... para funcionamento da Sala de AEE







Primeiros passos...

Este é um espaço para que possamos compartilhar nossas experiências nas Salas de Recursos Multifuncionais, assim como eu há muitas professoras iniciando este novo desafio.
Aqui ficarão registradas as etapas, desde o início da sala. 

Muitos colegas me escrevem pedindo orientações, perguntando como começar, o que fazer primeiro, qual o momento certo para iniciar com os alunos e tantas outras dúvidas, por isso vou descrever como minha sala vem "acontecendo". 

Esta sala deve ser preparada com calma, sem precipitações para que os atendimentos ocorram de forma eficiente.

Sugestões de acordo com minha prática:

Receber todos os materiais - dica importante: organize todas as notas fiscais em uma pasta, mantenha todos os documentos, ou cópias, em ordem e de fácil acesso;
Organização da sala -  prepare sua sala com muito carinho, confiante de que este será um local muito importante para sua escola, para os professores que nela trabalham, para você e principalmente para os alunos que serão atendidos;

Apresentação da sala - vá até as salas de aula, converse com os alunos e pesquise como eles reagem diante de uma pessoa com deficiência e se existem pessoas com deficiência em suas famílias. Explique a função desta nova sala e a quem ela se destina. Depois convide os alunos para conhecer a sala, mostre os materiais, jogos, livros, enfim, tudo o que já estiver a disposição para os atendimentos. Propor um retorno como ilustrações e poesias sobre a visita é outra dica;

Alunos atendidos - este é o momento para verificar quais os alunos serão atendidos. Verifique a série, idade e dificiência. Leia as informações contidas na escola (geralmente este material fica com a orientação) para começar a conhecer os alunos. Após esta listagem, acompanhe os alunos nas salas de aula, observe como eles interagem com os colegas, suas dificuldades diante da atividades e suas habilidades;

Organização dos horários - agora que você já pode organizar os horários dos atendimentos (dia da semana, horário, duração e se o atendimento será individual ou em grupo). Lembre-se que este é um horário provisório que poderá ser modificado após a reunião com os pais;

Reunião com a equipe pedagógica da escola - este é um momento para que detalhes sobre a sala possam ser discutidos e as reuniões para os professores e os pais seja planejada;

Reunião com os professores da escola -  esta reunião é muito importante para que os professores entendam com clareza o que é uma sala de recursos multifuncionais, o que é o AEE e quais alunos srão atendidos. Este é o momento para explicar aos professores que o AEE não é um reforço escolar e o trabalho será em conjunto com articulações entre os professores de sala e a professora da SRM;

Reunião com os pais dos alunos - nesta reunião é importante exclarecer aos pais exatamente o que é o AEE e qual o tipo de atendimento que seus filhos receberão. Nesta reunião será explicado todo o funcionamento da sala, dias, horários, duração. Neste momento poderá ser entregue aos pais um caderno/agenda com orientações e horários, esta agenda servirá para anexar relatórios e como meio de comunicação entre pais, professores de sala e professora da SRM. Certamente ao final da reunião os pais ficarão curiosos para conhecer a sala. É importante que eles sejam recebidos com atenção e carinho para que possam se sentir seguros do trabalho que será realizado;

Início dos atendimentos - uma boa dica é iniciar os atendimentos uma semana após a reunião com os pais, assim é possível reorganizar os horários, se for necessário;

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013


Sugestões de atividades: oficina de psicomotricidade