terça-feira, 31 de julho de 2012

SÍNDROME DE PRUNE-BELLY - Síndrome do Abdome em Ameixa Seca

1.1. Definição

A Síndrome de Prune Belly é também conhecida como síndrome de Eagle-Barret, ou ainda Síndrome do Abdome em Ameixa Seca.

É caracterizada por uma tríade de anormalidades congênitas que consiste em:

* Ausência ou deficiência da musculatura abdominal;
* O não desenvolvimento dos testículos - condição vista em recém-nascidos onde um ou dois deles não ultrapassam o saco escrotal;
* Uma anormal expansão da bexiga e problemas no trato urinário superior, que pode incluir a bexiga, ureteres e rins.

Devido o envolvimento substancial do trato urinário, crianças com síndrome de Prune Belly são geralmente incapazes de esvaziar completamente suas bexigas e têm sérios prejuízos na bexiga, ureter e rim. Uma criança com esta síndrome pode também apresentar outros defeitos congênitos, que envolvem o sistema musculoesquelético, gastrointestinal, cardiovascular e respiratório.

1.2. Incidência
Esta síndrome é um incomum defeito congênito em 1: 30.000 nascimentos. Em 95% dos casos, ocorrem no sexo masculino. Mulheres também podem nascer com ela, ocorrendo defeito na genitália externa. Geralmente portadores de Prune Belly podem morrer antes do nascimento , morrer alguns meses depois ou sobreviver dois anos.

1.3. Etiologia
Geralmente é desconhecida, mas há duas hipóteses:

* Defeito no desenvolvimento do mesoderma primário :

Uma injúria entre a sexta e décima semana de gravidez que interrompe o desenvolvimento da lâmina lateral do mesoderma que dificulta o aparecimento da parede abdominal, trato genito-urinário incluindo próstata.

* Obstrução do trato urinário durante o desenvolvimento fetal:

Se há uma obstrução da uretra, a urina pode retornar e expandir a bexiga. Uma hipoplasia ou displasia da próstata causa uma obstrução da uretra, levado uma grande distensão da bexiga e do trato urinário superior, estirando a parede abdominal e causando prejuízo a musculatura.

1.4. Sintomas
Podemos enumerar alguns sintomas freqüentemente encontrados na Síndrome de Prune Belly como :

* O abdome pode apresentar uma aparência enrugada como uma ameixa;
* A massa abdominal pode repousar sobre os ossos púbicos como resultado da distensão da bexiga;
* Órgãos do trato urinário pode ser facilmente sentido na área abdominal;
* intestino pode ser visualizado no abdome incluindo a visualização do peristaltismo;
* Ausência dos testículos;
* Freqüência infecção do trato urinário;
* Refluxo vesicouretral .


1.5. Patologia

1.5.1. Musculatura abdominal
* Miopatia: hipoplasia, assimetria muscular
* Aparência: enrugada


1.5.2. Trato uro-genital
* Uretra: extremamente dilatada, pode ocorrer estenose ( raro)
* Próstata: hipoplasia
* Bexiga: distensão
* Ureter: hidro ou mega - ureter com dilatações, diminuição do efeito peristáltico, refluxo vesicouretral
* Rins: podem ocorrer displasia, cistos, hipoplasia ou hidronefrose, infecção do trato urinário crônico
* Testículos: geralmente intra-abdominal à nível de sacroilíaca, complicações de infertilidade.

1.5.3. Respiratória
* Hipoplasia pulmonar devido a insuficiente líquido amniótico; pneumotórax; pneumomediastino, insuficiência respiratória;
* Atelectasia e pneumonia lobar: deformidade torácica, função diafragmática e mecanismo de tosse prejudicada.

1.5.4. Cardiovascular
* Defeito do septo atrial ou ventricular; tetralogia de Fallot.

1.5.5. Musculoesquelético
* Pé eqüinovaro
* Escoliose e deslocamento do quadril
* Polidactilia
* Pectus excavatum (conhecido entre os leigos como “peito de sapateiro”, “peito escavado”, “tórax escavado” é uma deformidade em depressão do esterno e cartilagens costais inferiores, eventualmente acompanhada de deformidade da extremidade anterior das costelas na sua articulação com as cartilagens costais. A protusão das cartilagens costais anteriores no rebordo costal acentua a percepção do defeito. ) e Pectus carinatum (conhecido entre os leigos como "Peito de Pombo", "Peito de Sapateiro" e "Tórax em Quilha") . Os homens são mais freqüentemente afetados que as mulheres. Na maioria das séries publicadas há nítida predominância do Pectus Excavatum sobre o Pectus Carinatum, variando de 3:1 a 13:1.


1.6. Diagnóstico
Os defeitos severos que vão determinar como o diagnóstico é feito. Síndrome de Prun Belly geralmente é diagnosticada por ultra-sonografia enquanto a mulher está grávida. Pode ser observado o diagnóstico através do raio X, testes sangüíneos e pielograma intravenoso ( IVP ).

1.7. Prognóstico
A síndrome é séria. Alguns recém-nascidos sobrevivem com vários graus de problemas crônicos, mas podem morrer antes de nascer ou alguns meses após o nascimento.

1.8. Prevenção
Durante a gravidez deve ser feito o pré-natal. Se for diagnosticado, por exemplo, obstrução do trato urinário, é possível realizar uma cirurgia pré-natal.

1.9. Tratamento
O tratamento específico para a síndrome de Prune Belly será determinada pelo psicológico da criança baseada em:

* Idade da criança e histórica médica;
* Extensão da doença;
* Tolerância da criança para medicamentos, procedimentos ou terapia específica;
* Tratamento para síndrome depende da severidade dos sintomas.

Pode ser eleito o uso de antibioticoterapia; vesicostomia; cirurgia de remodelamento da parede abdominal; e cirurgia para correção de anomalia uro-genital.

A fisioterapia pode auxiliar em compliacções cardiorespiratórias e musculoesqueléticas.

2. A FISIOTERAPIA
A fisioterapia respiratória irá depender do quadro clínico do paciente. A severidade do comprometimento respiratório irá determinar a necessidade e o tipo da terapia a ser utilizada.

a) Drenagem Postural: É o posicionamento do paciente em diversos decúbitos, que se baseiam na anatomia da árvore traqueobrônquica. É eficaz por ter a ajuda da força da gravidade na drenagem da secreção para ser eliminada por tosse ou aspiração. Tem como objetivos principais prevenir o acúmulo de secreções ou remover secreções já acumuladas.

Contra-indicações: hipertensão intracraniana, abdome distendido, cirurgias diafragmáticas, hipertensão arterial e pacientes que tenham se alimentado a menos de duas horas.

b) Tapotagem ou Percussão: É um movimento de percussão das mãos em forma de conchas de maneira rítmica e alternada sobre a área do segmento pulmonar afetado. Essa percussão provoca ondas no tórax que levam a secreção até as vias aéreas de maior calibre. O resultado se torna mais nítido quando associa-se esta técnica à drenagem postural.

Contra-indicações: instabilidade torácica, câncer ósseo, osteoporose, queimadura, úlceras, infecções e fratura de costela.

c) Vibração: É o movimento oscilatório rápido das mãos sobre o tórax na fase expiratória e pode estar associada à compressão torácica. Torna-se mais eficaz se a expiração ocorrer após uma inspiração prolongada. A vibração faz com que o muco aderente se solte e seja deslocado para os brônquios e a traquéia, onde as secreções podem ser expelidas, deglutidas ou aspiradas.

Contra-indicações: osteoporose severa, fratura de costela com grande instabilidade torácica e neoplasia (na área tratada).

d) Tosse: Visa a eliminação das secreções pulmonares, e é realizada através de uma expiração forçada, que pode ou não ser voluntária. Quanto maior a força da musculatura abdominal e o volume inspirado, mais eficaz se torna a tosse. O ar em movimento rápido, geralmente carrega qualquer corpo estranho que esteja presente nos brônquios ou na traquéia.

Em casos de pacientes de pós-operatório, é importante orientá-los a comprimir um travesseiro sobre a incisão cirúrgica para minimizar a dor no local.

Contra-indicações: pós-operatório imediato de cirurgias traqueais, esofágicas ou cranianas e lesões de diafragma.

A fisioterapia motora deve incluir mobilização passiva e alongamentos.

Um movimento passivo realizado pelo terapeuta com velocidade baixa o suficiente para que o paciente possa interromper o movimento. A técnica pode ser aplicada com um movimento oscilatório ou um alongamento mantido de modo a diminuir a dor ou aumentar a mobilidade. Os movimentos artrocinemáticos são muitos utilizados pelos fisioterapeutas no tratamento das disfunções articulares, alem de restaurar a biomecânica articular proporcionam efeitos fisiológicos benéficos no tecido articular e nas estruturas periarticulares, tais como :

- Movimenta o líquido sinovial levando nutrientes para as partes avasculares da articulação.
- Mantém a extensibilidade e a força de tensão nos tecidos articulares e periarticulares.
- Inibe a ação dos nociceptores profundos e superficiais através de estímulos dos mecanoceptores articulares

Alongamento é qualquer manobra terapêutica elaborada para alongar estruturas de tecido mole encurtado patologicamente, e assim aumentar a amplitude de movimento . No alongamento passivo manual , o terapeuta aplica a força externa e controla a direção, velocidade, intensidade e duração do alongamento dos tecidos moles que estão causando contratura e restrição à mobilidade articular. Os tecidos são alongados além de seu comprimento em repouso.



3. ESTUDO DE CASO

A Síndrome de Prune Belly consiste de ausência ou deficiência congênita na musculatura abdominal anterior, anomalia do trato urogenital e o não desenvolvimento do testículo bilateral. Problemas neurológicos são comuns nestes pacientes como respiratória, ortopédico, gastrointestinal e anomalia cromossomial. Nós temos tratado 17 casos de Prune Belly. Mortalidade é 23,5%: dois pacientes morreram no período neonatal de insuficiência respiratória; um paciente com dois meses, morreu de septicemia no período pós-operatório; outro com quatorze anos morreu de insuficiência respiratório com função renal normal. Dois pacientes são do sexo feminino sem anomalias urológicas, um homem teve uma forma incompleta com trato urinário normal. Dois pacientes com síndrome completa foi tratada conservadoramente. Dez pacientes com refluxo vesicouretral ou dilatação uretral com obstrução distal foram tratados cirurgicamente. Anormalidades do trato urinário são mias comum causa da morte. Regime de tratamento deve ser individualizado. Problemas respiratórios são freqüentes e é mandatória a fisioterapia convencional precoce.


4. ANEXOS

 
Fig.1: Aspecto dos rins e bexiga
Fig.2: Abdome enrugado
Fig.3: Recém-nascido, óbito após o parto.
Fig.4: Recém-nascido com abdome distendido
Fig.5. RX em PA de tórax de recém-nascido
Fig.6. RX em AP de abdome do RN


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, Carlos Alberto Caetano. Fisioterapia Respiratória Moderna; 3a edição, São Paulo: Editora Manole, 1999.

Greskovich FJ III, Nyberg LM Jr. The Prune-belly syndrome: A review of its etiology, defects, treatment and prognosis. J Urol. 1988, 140: 707-712.

ISAUL, F. Síndrome de Prune-Belly. Disponível em http://www.pedsurology.com/prune.htm Mar/03. Acesso em 17/04/04.

Ives EJ. The abdominal muscle deficiency triad syndrome: Experience with ten cases. Birth defects, 1974,10: 127-135.

KRAUSS,C. A síndrome de Prune-Belly. Disponível em:  http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/001269.htm , Mar/03. Acesso em 17/04/04.

KUGLER, M. Prune Belly Syndrome. Disponível em http://www.rarediseases.about.com/cs , Mar/02. Acesso em 17/04/04.

Nakayama DK, Harrison MR, Chinn DH, Lorimier AA. The pathogenesis of Prune-belly. AJDC 1984, 138: 834-836.



Fonte: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/variedades/prunebelly/prunebelly.htm

segunda-feira, 30 de julho de 2012


SÍNDROME DE RUBINSTEIN-TAYBI



Adaptação do artigo do Rubinstein-Taybi Parent Group, realizada por Márcio Brandão e Andrea Lie Korosue.



A síndrome de Rubinstein-Taybi (SRT) foi descrita primeiramente em um relatório de caso em 1957, mas foi só em 1963 que dois médicos Jack H. Rubinstein & Hooshang Taybi descreveram o quadro de sete crianças com polegares e hálux largos e grandes, anormalidades faciais, e retardo mental. Desde então a síndrome ficou prontamente identificável e foram informados centenas de casos no mundo todo. 


CARACTERÍSTICAS DE RTS


Características típicas da síndrome incluem estatura baixa, nariz bicudo, orelhas ligeiramente malformadas, um palato altamente curvado, fendas antimongolóides dos olhos, sobrancelhas grossas ou altamente curvadas, cabeça pequena, polegares largos e/ou dedos do pé grandes. Às vezes, os polegares e/ou hálux são angulados. Outras características típicas incluem uma marca de nascença plana vermelha na testa, articulações hiperextensíveis, pelve inclinada e pequena, e excesso de cabelos. Meninos com síndrome de Rubinstein-Taybi normalmente apresentam testículos que não descem (criptorquidia).
O retardo mental está associado à síndrome de Rubinstein-Taybi. A extensão de retardo mental varia em cada indivíduo: muitos podem estar moderadamente afetados, alguns mais e outros com intensidade maior. Cada criança deveria ser avaliada por uma base individual. 

Problemas médicos envolvidos com síndrome de Rubinstein-Taybi

Problemas típicos depois de nascimento incluem dificuldades na alimentação, infecções respiratórias, infecções de ouvido, infecções de olho e anormalidades como obstrução de tubo lacrimal, excesso de mucosa, e às vezes diarréia, ao invés da constipação crônica mais comumente encontrada. Problemas oculares, anomalias cardíacas, anormalidades vertebrais, refluxo gastroesofágico e vômitos, anormalidades de rim, problemas ortopédicos são freqüentemente encontrados em indivíduos com síndrome de Rubinstein-Taybi. Os cirurgiões devem estar cientes dos possíveis problemas que alguns indivíduos com síndrome de Rubinstein-Taybi podem apresentar sob efeito de anestesia, tais como taxas e batimentos cardíacos alterados, provocando arritmias. Crianças com síndrome de Rubinstein-Taybi correm um risco alto de aspiração durante anestesia e o tubo endotraqueal deve ser inserido para anestesia geral. Também deve ser notado que há uma suscetibilidade a infecções de fungo nas unhas das mãos e dos pés (paroníquia) e, nas unhas encravadas. Há ainda uma tendência para formação de quelóide (aumento da cicatriz). Correção cirúrgica da angulação do hálux e polegar poderia ser benéfica. 

Fatos sobre síndrome de Rubinstein-Taybi

O diagnóstico da síndrome de Rubinstein-Taybi pode ser feito através de uma avaliação médica e física, radiografias dos polegares e dos hálux largos e grandes, e análise de cromossomo. A causa de síndrome de Rubinstein-Taybi ainda é desconhecida, embora seja possível a origem genética. Foram demonstradas possíveis anormalidades de cromossomos citogenéticos em estudos atuais. Os casos normalmente são esporádicos e geralmente não são considerarados hereditários. O risco de repetição para um casal ter uma segunda criança com síndrome de Rubinstein-Taybi é aproximadamente 0.1%, mas um indivíduo com síndrome de Rubinstein-Taybi tem uma chance alta de 50% para ter uma criança com síndrome de Rubinstein-Taybi. A síndrome de Rubinstein-Taybi não é detectada antes do nascimento, mas quando existir preocupação de repetições, é teoricamente possível que defeitos severos do polegar, hálux, coração, ou trato urinário sejam vistos por um especialista altamente qualificado e experiente em ultra-sonografia pré-natal. Algumas mães informaram que durante a gravidez tiveram pressão alta, excesso de líquido amniótico, edema, e aumento dos movimentos fetais.

A síndrome de Rubinstein-Taybi é encontrada uniformemente na população masculina e feminina. A síndrome era tida como rara mas há um aumento no número de casos informados de síndrome de Rubinstein-Taybi a cada ano, fazendo com que não seja tão rara quanto foi calculada primeiramente. A síndrome é calculada em aproximadamente 1 em 100000-300000 nascimentos, dependendo da população estudada. Por causa das variações encontradas em características físicas, problemas médicos, e habilidades mentais de um indivíduo com síndrome de Rubinstein-Taybi para outros, alguns dos casos moderados não são diagnosticados. É muito comum que uma pessoa ligeiramente afetada, não apresente nenhum problema médico grave, características extremas, retardo mental moderado ou severo, tenha o diagnóstico feito apenas na adolescência. O diagnóstico pode ser ainda mais difícil quando o indivíduo não for da raça branca. Muitos dos artigos disponíveis dos anos sessenta, setenta e oitenta basearam-se em relatórios de casos institucionalizados de indivíduos com síndrome de Rubinstein-Taybi e não em crianças que estavam sendo cuidadas em casa. 


O que você pode esperar para desenvolvimento da criança com síndrome de Rubinstein-Taybi

Cada criança com síndrome de Rubinstein-Taybi irá se desenvolver na sua própria velocidade. Embora as crianças com síndrome de Rubinstein-Taybi apresentem semelhanças na aparência, comportamento, problemas médicos e personalidade, os pais devem se lembrar que a criança é um indivíduo que desenvolverá seu próprio potencial. Estimulação infantil e intervenção precoce são altamente recomendadas para a criança com síndrome de Rubinstein-Taybi. Uma ênfase especial deve ser dada em fonoaudiologia, utilizando uma abordagem de comunicação total e começando o mais cedo possível. Porque a fala é uma das áreas de desenvolvimento mais lenta para as crianças com síndrome de Rubinstein-Taybi, e por causa de algumas crianças não desenvolverem habilidades verbais, a linguagem por sinais deve ser considerada inicialmente como uma forma de comunicação. Fisioterapia e terapia ocupacional podem ajudar a criança a alcançar marcos do desenvolvimento atingido pelas crianças ditas "normais".

Deve ser levada em conta a severidade dos problemas médicos da criança com síndrome de Rubinstein-Taybi quando estabelecer um programa para desenvolvimento.
Os pais podem precisar de assistência para os problemas de alimentação, refluxo e vômitos, cuidado de repouso, treinamento respiratório, terapias de casa, ajuda financeira para despesas médicas, modificação de comportamento, e outras orientações requeridas por uma criança com necessidades especiais. É importante que as pessoas responsáveis pela criança com síndrome de Rubinstein-Taybi conheçam seus problemas individuais de forma que se torne mais fácil para elas e também seja mais confortável para a criança.


As crianças efetuaram moderadamente com síndrome de Rubinstein-Taybi


Ao contrário do que alguns boletins médicos dizem, indivíduos com síndrome de Rubinstein-Taybi são normalmente pessoas muito felizes, sociais. Eles têm um sorriso que tem sido descrito em relatórios como "fazendo careta", mas na realidade o sorriso irradia o amor e a aceitação que estas crianças têm por todos ao seu redor. Elas amam tocar qualquer coisa e gostam de manipular instrumentos e eletrônicos. Amam livros, água, pessoas e são muito sensíveis a qualquer forma de música. A média da criança com síndrome de Rubinstein-Taybi aprenderá a sentar e a engatinhar entre 1-2 anos e aprenderá andar entre 2-4 anos. Ela entende o que lhe é dito, mas pode ficar frustrada facilmente por não ser capaz de expressar aos outros as necessidades e desejos. Ela necessita de assistência e treinamento em habilidades individuais, como se alimentar, se vestir, ir ao banheiro, etc. Educação especial será necessária para a maioria dos indivíduos com síndrome de Rubinstein-Taybi, com avanços e realizações que recompensam todo o trabalho árduo. Muitos dos indivíduos com síndrome de Rubinstein-Taybi trabalham bem um-em-um ou em grupos de estrutura pequena. Eles parecem se adaptar a um horário rotineiro e não gostam de atividades que envolvam grupos grandes e barulhentos.

No Brasil, foi fundada a Associação Brasileira dos Familiares e Amigos dos Portadores da Síndrome de Rubinstein-Taybi – ARTS no dia 27 de março de 1999.

Até o momento, temos dez casos da síndrome de Rubinstein-Taybi. Nosso objetivo é prestar apoio, sob todas as formas ao portador da síndrome, na pesquisa, no desenvolvimento de novas metodologias para o tratamento e na procura de novos casos.


Para maiores informações:

Associação Brasileira dos Familiares e Amigos dos Portadores da Síndrome de Rubinstein-Taybi – formas
Abel Wagner Alves – presidente

Andrea Lie Korosue – fisioterapeuta
Formada pela Universidade Bandeirante de São Paulo – UNIBAN, desenvolveu, como tema de monografia, estudo sobre "Abordagem Precoce em Pacientes com Síndrome de Rubinstein-Taybi de Zero a Dois anos".
 www.entreamigos.com.br


Fonte: Associação Brasileira dos Familiares e Amigos dos Portadores da Síndrome de Rubinstein-Taybi

domingo, 29 de julho de 2012


 ALÉM DO OLHAR PROMOVE EXPERIÊNCIA TÁTIL NA CAIXA CULTURAL SP

Exposição traz versões tridimensionais que poderão ser apreciadas pelo toque


A CAIXA Cultural São Paulo apresenta, de 21 de julho a 23 de setembro, a exposição “Hercules Barsotti – Além do Olhar”. A mostra exibe 30 serigrafias do artista neoconcretista, onde cada obra será acompanhada de sua representação em material tátil. Durante a visitação, as criações de Barsotti poderão ser apreciada por pessoas que enxergam ou não, proporcionando ao público uma experiência tátil. A exposição tem curadoria de Cláudia Lopes e conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal. A exibição estárá aberta ao público de terça a domingo, das 9h às 21h, com entrada gratuita.
“Além do Olhar” apresenta como diferencial a oportunidade para que portadores de deficiência visual possam sentir a obra de arte pelo toque.  Os visitantes serão conduzidos pela galeria por monitores treinados que vão orientar o toque nas reproduções tridimensionais, de modo a perceber as obras. Também estarão disponíveis aparelhos com a áudio-descrição de toda a exposição, com planta em relevo do espaço expositivo. A sinalização será feita com piso tátil desde a entrada da CAIXA Cultural São Paulo.
A seleção das obras para a exposição foi baseada na experiência pictórica do artista, e também na pesquisa da forma e da cor que o consagrou na arte brasileira. A mostra permite uma reflexão sobre linguagens e a questão do olhar, tanto no ato de enxergar quanto nos diversos modos de interpretar as peças. “Alguém que enxerga, muitas vezes passa por objetos, formas e cores sem parar para sentir, de fato, sem perceber ao que se reporta a escultura ou a pintura. Nossa proposta é que o espectador permaneça um tempo maior na sala de exposição, que sua visita seja de fato uma nova experiência, e que nessa experimentação seja ampliada sua percepção”, afirma Cláudia Lopes.
O catálogo da mostra é gratuito e apresentará reproduções das obras expostas em imagens com relevo. O impresso contará também com textos do crítico de arte, Enock Sacramento, e da consultora de acessibilidade, Viviane Sarraf. O conteúdo terá impressão tradicional e versão em braille.
Sobre o artista:
Hércules Barsotti nasceu em São Paulo, em 1914, e faleceu na mesma cidade, em 2010. Desenhista, pintor e programador visual, Barsotti iniciou sua formação artística em 1932, sob orientação de Enrico Vio. Nos anos 1950, tornou-se desenhista têxtil, criando, em 1954, juntamente com Willys de Castro, um estúdio de projetos gráficos na capital paulista. Em 1958, viajou para a Europa onde entrou em contato com Max Bill, responsável pela irrupção do concretismo no Brasil. Integrou, a partir de 1960, o Grupo NeoConcreto, liderado pelo crítico Ferreira. Entre 1963 e 1965, participou do Grupo Novas Tendências, que tentou reagrupar os artistas de tendência geométrica em São Paulo. Em 2004, o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou uma abrangente retrospectiva do artista, enfatizando sua contribuição à arte brasileira do século XX.
SERVIÇO:
Exposição “Hercules Barsotti – Além do Olhar”
Abertura para convidados e imprensa: 21 de julho, às 11h.
Visitação: de 21 de julho a 23 de setembro de 2012.
Horário de visitação: de terça-feira a domingo, das 9h às 21h.
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Sé) – Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo (SP).
Informações, agendamento de visitas mediadas e translado (ônibus) para escolas públicas:
 (11) 3321-4400 ou pela caixa postal agendamento.sp@gentearteira.com
Acesso para pessoas com necessidades especiais
Entrada: franca
Recomendação etária:
 livre
Produção: 
Arte Impressa
Patrocínio: Caixa Econômica Federal
Palestra sobre Museus Acessíveis: 31 de julho de 2012 às 19h30.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Brinquedo para Todos

Brinquedo para todosCaro leitor,
A matéria abaixo foi extraída do site EXPANSÃO, laboratório de Tecnologia Terapêutica.
De acordo com a empresa Expansão, os brinquedos abaixo (ver fotos e vídeos) foram lançados na Feira Internacional Reatech em 2003, e até hoje continuam no protótipo.  
Senhores empresários e políticos vamos investir nas crianças com deficiência, elas têm o mesmo direito ao lazer que as outras crianças. Veja o exemplo da Austrália e Nova Zelândia. Esses países se preocupam e respeitam os direitos de TODAS crianças.
Veja abaixo o texto de Gisleine Martin Philot, Terapeuta Ocupacional, sobre a importância motora, cognitiva e social de brinquedos que contemplam as necessidades de TODAS crianças. Isso é INCLUIR!
Brinquedo para todos
Brincar é ser tudo, é ser todos, é ser e ir além, é fluir, sobrevoar, rodar, cantar, gritar, sonhar
Circuito de integração cognitivo-motor-sensorial:  BRINQUEDO PARA TODOS
Este circuito se apresenta como uma inovação absoluta no oferecimento de estimulação de alto impacto neuroplástico como vamos justificar, para os indivíduos com lesões neuromotoras graves, particularmente bebes, crianças e adolescentes com Encefalopatias Crônicas, Traumas Cranianos, e quaisquer outros agravos neurológicos não evolutivos.
Toda ação do ser humano no espaço tridimensional e antigravitacional está relacionada com o Sistema Vestibular e a Cinestesia.
Os inputs que se originam no sistema vestibular e somatosensorial têm um papel fundamental na criação de modelos eficazes para o controle postural necessário para a orientação corporal frente à gravidade e ao meio ambiente.

O feedback sensorial resultante do movimento permite adaptações das ações motoras frente a diferentes situações, demandas e tarefas e é facilitador da aprendizagem motora e cognitiva. (Gazzaniga, 1997) (Jensen, 2000).
Assim, o movimento está presente no ser humano impregnado de sensações dos sistemas sensoriais: somático (propriocepção, tacto, nocicepção, pressão e temperatura), vestibular, visual, auditivo e gustativo. (Shumnway-Cook, 1995).
Pesquisadores registram que distúrbios do sistema vestibular causam maiores dificuldades de aprendizagem. Se uma criança mantém sua cabeça imóvel por longos períodos de tempo (como quando vê TV, ou joga videogame) o sistema vestibular pode degenerar-se. (Hannaford 1997).
Todo nosso relacionamento com o meio que nos cerca é uma constante ação cognitiva: captação, recepção, codificação, armazenamento, decodificação e atuação. Esses são os caminhos dos estímulos motores e sensoriais que quando são interpretados cognitivamente são adicionados às experiências passadas e presentes, criando feedback e feedforward, para as ações que realizamos e que enfrentaremos no futuro.
“Penso (e sinto), logo existo” Decartes

Essas respostas adaptativas que a criança processa através da experimentação cada vez mais ampla em graus, tipos e combinações de informações sensoriais, são impregnadas de objetivos e intenções e resultam em uma modificação do meio ambiente. Essas experiências são armazenadas pelo SNC, e serão as memórias sensoriais resgatadas em experimentações futuras (Cohen 1999).
Brinquedo para Todos
A Neurociência compreende também hoje que os aportes cognitivos ampliam aportes motores, que os aportes sensoriais ampliam aportes cognitivos e vice-versa sucessivamente. (Damásio, 2000) (Jensen 2000). Dessa forma os estímulos do sistema sensorial podem facilitar ou inibir todo o organismo. Um estímulo de qualquer sistema influencia todos os demais.
Quando falamos em influência, estamos falando em facilitação e inibição. Não existe sistema isolado, o SNC se integra e se modela como um todo. ( Nicolelis 2011)
Terapeuticamente compreendemos que poderemos influenciar sistemas comprometidos a partir de sistemas não comprometidos. Sabemos também que habilidades isoladas desenvolvidas para uma necessidade tendem a não se generalizar para outras situações, por isso a importância do desenvolvimento integrativo. (Oliveira e cols.2001) ( Nicolelis 2011)
Brinquedo para Todos
Quando ensinamos uma criança a realizar o movimento de forma mais harmoniosa, com melhor aproveitamento energético e mecânico, os músculos ficarão mais fortalecidos e poderão repetidamente, em atividades de interesse da criança, ir gradativamente se fortalecendo e iniciar os primeiros movimentos voluntários, base para a recuperação.
Tem sido uma preocupação nossa, como inventores, criar tecnologias que possam intermediar essa situação. Nos últimos 22 anos estamos projetando diversos dispositivos para posicionar, facilitar e desenvolver padrões motores.
Entendemos que com a tecnologia se consegue reproduzir os “exercícios” de uma maneira sistematizada e controlada e sem tantas variáveis. (Nicolelis 2011)
Brinquedo para Todos
A utilização de um determinado recurso terapêutico favorece a compreensão do aplicador, bem como do usuário. Reproduz fielmente o movimento solicitado. Agrada ao usuário, que vê no recurso tecnológico, um aliado e um multiplicador de capacidade A concepção da tecnologia como integradora de uma discapacidade é muito bem aceita. ( Nicolelis 2011)
O Circuito de Integração Sensório-Motor baseia-se na coletânea de pesquisas e observações que centenas de pesquisadores, educadores e terapeutas vêm realizando em todo o mundo, ao observar as crianças “brincando em um parque”.
Todos temos fortemente registrado na nossa memória emocional a felicidade que sentimos, quando pequenos, de estar brincando nos parques, junto dos amigos, fortemente influenciados pelo prazer de ir além daquele espaço e ir para um mundo imaginativo cheio de poderes especiais.
Como citamos, vários estudos e pesquisas mostram que ao ativarmos os circuitos vestibulares, através das manobras para provocar re-equilíbrio durante as brincadeiras num parque (girar, rodopiar, subir, descer, ascender, descender, correr, pular, fazer cambalhota, etc.) estamos desenvolvendo novas rotas motoras, sensoriais e cognitivas.

Brinquedo para Todos
Em cada elemento tecnológico que desenvolvemos, buscamos gradativamente e criteriosamente dosificar a quantidade de estímulo cinestésico-vestibular que iremos oferecer, em conjunto com movimentos e sensações.
“Brinquedo para Todos” são equipamentos para promover o brincar, brincar como fonte de pura diversão, alegria, motivação; brinquedos cuja utilização, de forma indireta terapeuticamente, reverta em modificação das estruturas neurais, em espessamento do córtex cerebral, promovendo no individuo que os utiliza frequentemente, um aumento da capacidade integrativa de seu cérebro.
“Brinquedo para Todos” são brinquedos inovadores, futurísticos, especialmente calibrados para a aventura do poder fazer, tão lúdicos e não menos terapêuticos, serão uma nova forma de brinquedos que estabelecerá novos paradigmas no “tratar” das pessoas com deficiências.
Brinquedo para Todos

Gisleine Martin Philot, Terapeuta Ocupacional
Consultora Internacional em Tecnologia Assistiva
e-mail: gisleine@expansao.com

Referência Bibliográfica
Ayres, A.J. Sensory integration and the child, Los Angeles, Western Psychological Services, 1979.
Blanche,E.I., Botticelli,T.M., Hallway,M.K.Combining neuro-developmental treatment and sensory integration principles an approach to pediatric therapy, Arizona, The Psychological Corporation, 1995.
Bly,L. A historical and current view of the basis of NDT, Pediatric Physical Therapy, 3:131-135., 1991
Brodal, A. Anatomia Neurológica com correlações clínicas, São Paulo, Editora Roca Ltda, 1997.
Cohen, H. Neurosciense for Rehabilitation, Texas, Lippincott Williams & Wilkins, 1999.
Diamond, M. e Hopson, J. Árvores Maravilhosas da Mente, Rio de Janeiro, Editora Campus, 2000.
Damásio, A. R. O erro de descartes, emoção, razão e o cérebro humano, São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
Fisher, A. G., Murray, E.A., Bundy, A. C. Sensory Integration, Theory and Pratice, Philadelphia, F. A. Davis Company, 1991.
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Fonte: http://www.deficienteciente.com.br

terça-feira, 24 de julho de 2012

“Troque os lados”: Vídeo da campanha de acessibilidade do Ministério Público de Goiás

As emissoras de TV de Goiás estão exibindo há cerca de 10 dias o vídeo da campanha de acessibilidade do Ministério Público de Goiás, denominado Troque os Lados . Iniciativa do promotor Reuder Cavalcante Motta, da 3ª Promotoria de Justiça de Itumbiara, a campanha foi encampada pelo Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e do Cidadão (CAODHC), que resolveu ampliá-la para todo o Estado, com o apoio do Núcleo de Publicidade e Marketing da Assessoria de Comunicação Social.

O vídeo foi produzido pela agência Alma Propaganda e pela produtora Anima Filme, com base nas orientações do promotor. A proposta da campanha é estimular a reflexão sobre os desafios da inclusão das pessoas com deficiência, a partir da inversão de papéis mostrada no vídeo.
Fonte: Jus Brasil
Essa campanha de Goiás lembra muito a Campanha Francesa de conscientização em relação à necessidade de acessibilidade (Nota do blog).
Assista os  vídeos:
Campanha do Ministério Público de Goiás


Campanha Francesa



                                                                                                                            Fonte: http://www.deficienteciente.com.br





segunda-feira, 23 de julho de 2012

Diversão: Balanço “Liberty Swings” projetado para crianças e adolescentes cadeirantes

Balanço "Liberty Swings"
O balanço “Liberty Swings” foi projetado especificamente para crianças e adolescentes cadeirantes, permitindo-lhes experimentar as emoções de um parque de diversão. A ação oscilante do brinquedo é altamente terapêutica, basta ver nas fotos  os sorrisos das crianças.

A Organização sem fins lucrativos Variety em parceria com os governos da Nova Zelândia e Austrália financiaram mais de 60 “Liberty Swings” em parques municipais e escolas públicas. A ideia é instalar esse brinquedo em todos parques públicos desses países. Iniciativas como essa removem as barreiras da inacessibilidade, ajudando crianças com deficiência a interagir com seus amigos e, consequentemente essas crianças são incluídas em seus círculos sociais.
Quando há boa vontade e preocupação com o bem estar de toda uma população, um bom governo investe na questão da acessibilidade. No Brasil ainda não vimos uma iniciativa como essa, infelizmente.
Balanço "Liberty Swings"
Balanço "Liberty Swings"
Balanço "Liberty Swings"
Balanço Liberty Swing
Balanço Liberty Swing
Balanço Liberty Swing

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Pai cria programa para se comunicar com filha que tem paralisia cerebral

Mais de 12 mil figuras, um programa de voz e um repertório ilimitado de frases e situações do dia a dia conectaram a pequena Clara com as pessoas e com a vida. É como se ela falasse através do tablet.



Clara e seus pais (Foto: Diário de Pernambuco)



A tecnologia também pode ajudar pacientes com dificuldades de comunicação. Ainda mais quando o amor motiva novas descobertas. Aconteceu no RecifePernambuco.
Um amor sem limites: Carlos é pai de Clara, de 4 anos, que tem paralisia cerebral. Analista de sistemas, ele usou o conhecimento e a persistência para transformar a tecnologia em uma aliada da menina.
Ele criou um programa de computador para tablets e celulares que permite a comunicação com a filha: o Liberdade em Voz Alta.
“A necessidade que a gente tem de conversar, que eu tinha de conversar com a minha filha é muito grande. Algumas pessoas que têm pacientes ou familiares que não falam às vezes se acostumam, pelo fato deles não falarem, mas eu acho que a gente não pode se acostumar”, diz Carlos Pereira.
Mais de 12 mil figuras, um programa de voz e um repertório ilimitado de frases e situações do dia a dia conectaram a pequena Clara com as pessoas e com a vida. É como se ela falasse através do tablet.
A comunicação está ao alcance de um toque na tela. O programa permite muito mais: a criança pode dizer se está com dor, como foi o dia na escola, e o que deseja comer.
“A gente quer ir mais além, produzir talvez em escolas, para ter uma inclusão dessas pessoas dentro da sociedade”, conta a mãe de Clara, Aline Pereira.
Thaís não fala, e ganhou mais autonomia. Ela consegue expressar tudo que deseja.
“Acho que a comunicação traz muita independência para ela. Dentro de casa ela faz os gestos e a gente compreende”, conta a mãe de Thaís.
A família Pereira decidiu que vai compartilhar o sistema de graça pela internet com todos os pacientes que precisam desse tipo de ajuda. 

Fonte: Bom Dia Brasil - G1

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Brasileiro concorre ao prêmio de melhor professor dos EUA

Alexandre Lopes foi eleito o melhor entre 180 mil professores da Flórida. Natural de Petrópolis (RJ), ele se especializou em ensinar crianças autistas.

da Redação

O brasileiro Alexandre Lopes, que dá aula para crianças especiais na escola Carol City Elementary, em Miami, foi eleito o melhor professor da Flórida (Foto: Reprodução/Macys's)
O brasileiro Alexandre Lopes, que dá aula para crianças especiais na Carol City Elementary, na Flórida(Foto: Reprodução/Macys's)
Um brasileiro de 43 anos, natural de Petrópolis, no Rio de Janeiro, foi eleito na última quinta-feira (12) o melhor entre os mais de 180 mil professores da rede estadual de ensino da Flórida, nos Estados Unidos. Além de prêmios em dinheiro, um carro, uma viagem a Nova York, um anel de ouro e um treinamento espacial na Nasa, Alexandre Lopes, que emigrou do Brasil em 1995, agora é candidato ao título de melhor professor dos Estados Unidos. 

A etapa nacional da disputa fica aos cuidados do Departamento Nacional de Educação do governo federal. Lopes já tem presença garantida no evento de divulgação do resultado, em maio de 2013 na Casa Branca, em Washington, com a presença do presidente americano.

Até lá, ele vai viajar pelo estado onde mora dando palestras para outros professores sobre sua metodologia na sala de aula. Doutorando da Universidade Internacional da Flórida, ele se especializou na educação especial para a primeira infância e, há oito anos, trabalha na escola Carol City Elementary, em Miami.

O brasileiro leciona para dois grupos de 12 e 13 crianças com idades de três a cinco anos, na idade considerada nos Estados Unidos como pré-escolar. Parte dos alunos é autista e, como a Carol City Elementary fica em uma região de baixo poder aquisitivo, a maioria dos estudantes pertence a minorias dentro da sociedade americana. Alguns ainda são filhos de imigrantes e não têm o inglês como idioma nativo.

"É uma inclusão total e irrestrita, da maneira que eu gosto, com alunos deficientes, imigrantes, minorias... Como eu acho que a sociedade deveria ser", conta. Lopes considera sua abordagem "holística" e afirma que se envolve em todos os aspectos da vida de seus "aluninhos", como gosta de se referir às crianças que ensina, tanto da parte acadêmica quanto da emocional e da social. Para o brasileiro, isso significa incluir todos os membros mais próximos da família no processo escolar, muitos deles ainda se adaptando à notícia de que seus filhos são autistas.

Aceitando a diversidade 

Na sala de aula do brasileiro, porém, todos são iguais. "Eu não diferencio meus alunos. Procuro ser consistente para fazer com que meus alunos com autismo tenham os outros como modelo, e para fazer com que meus outros alunos aceitem todas as diferenças que existem na nossa sociedade", explica Alex, como é conhecido pelos alunos e colegas de trabalho. Suas técnicas variam de acordo com o conteúdo das aulas. Segundo ele, música e dança são dois elementos que predominam durante as atividades, mas a adoção da tecnologia também ajuda os pequenos estudantes a se expressarem.

Entre os equipamentos está uma tela que reproduz, ao toque de um botão, mensagens pré-gravadas na voz dele ou de um estudante. O instrumento é usado pelos alunos autistas para que eles possam comunicar o reconhecimento dos símbolos, um processo que, segundo Lopes, acontece nestas crianças de maneira diferente das demais.

Para aprender a construir palavras, os aluninhos usam blocos de madeira que representam cada letra e os unem e separam para formar sílabas, sempre atentos aos sons das palavras para compreender a relação entre as rimas e a formação das palavras com grafia parecida. "Isso serve para tirar a palavra do abstrato e torná-la uma coisa concreta, o que é muito importante para crianças com deficiência", explica.

Alexandre também digitaliza as páginas de livros, ocultando as frases escritas para reescrever a história a partir das imagens de forma coletiva e, assim, conseguir tirar das crianças a linguagem construída durante as demais atividades.

A imigração, o atentado e a mudança 

O início da vida adulta de Lopes não poderia ser mais distante de seu cotidiano atual, trabalhando sete horas por dia, cinco dias por semana, com um intervalo de 30 minutos para o almoço. No início da década de 1990, o hoje melhor professor da Flórida trocava Petrópolis pela capital fluminense para estudar produção editorial na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Naquela época, ele havia abandonado o sonho de criança de ser professor, já que sempre ouvia relatos de como a carreira exigia muito e pagava pouco.

Ele conta que arrumou um emprego na Pan American Airways para pagar o aluguel no Rio de Janeiro. Depois de formado, o então bacharel se apaixonou e decidiu se mudar para os Estados Unidos em julho de 1995. "Mas eu jamais deixei o Brasil. A vida me trouxe aos Estados Unidos, mas tenho muito orgulho da minha origem e de ser quem sou", diz.

Durante vários anos, Lopes seguiu trabalhando como comissário de bordo para várias companhias aéreas americanas, onde fazia traduções de inglês, português e espanhol nas rotas da América Latina. Mesmo com os benefícios e as muitas viagens que pôde fazer pelo mundo, ele afirma que sentia falta de estudar. "Eu queria algo que fosse um pouco mais recompensador, mas era difícil porque tinha que pagar as minhas contas", lembra.

Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, sua empresa ofereceu pacotes de benefício a quem aceitasse se afastar do emprego e abrir mão do salário. Lopes, já com mais de 30 anos de idade, aproveitou a chance para buscar uma nova formação. Segundo ele, sua ideia original era se tornar professor de línguas estrangeiras, mas uma conselheira vocacional sugeriu, além do curso de educação, um curso introdutório em educação especial na primeira infância.

"Me apaixonei pela área e minha professora se apaixonou pelo meu trabalho. Ela me recomendou para uma bolsa de mestrado na Universidade de Miami", explica o professor, que foi aprovado no processo seletivo com bolsa integral e, assim que completou seus créditos e estágios obrigatórios, recebeu o convite para iniciar uma turma de educação inclusiva na Carol City Elementary, onde está desde 2005, com um salário mais baixo do que recebia quando era comissário de bordo.

Lopes agora equilibra o trabalho com a pesquisa de doutorado na Universidade Internacional da Flórida, onde também foi selecionado para estudar com bolsa integral, e o Projeto Rise, uma iniciativa americana em nível federal que estimula a formação continuada de professores de escolas com população carente no país.

Eleito entre mais de 180 mil docentes
Durante mais de seis meses, Lopes passou por uma série de longas e trabalhosas etapas para conquistar o título de melhor professor de toda a rede estadual da Flórida. O processo começou com uma votação entre os próprios colegas da escola em que ele trabalha, na região centro-norte do condado de Miami, o quarto maior dos Estados Unidos, com 25 mil docentes. Ele então preparou um material por escrito com dezenas de páginas, no qual explicava sua filosofia educacional, suas motivações e sua metodologia de ensino.

O documento foi avaliado na sua região e ele foi selecionado como um dos cinco finalistas, que receberam visitas em suas salas de aula de uma comissão com 13 examinadores e participaram de entrevistas. Lopes venceu a disputa e, no início do ano, passou a concorrer ao posto de melhor professor do condado. O resultado, também favorável ao professor petropolitano, saiu em fevereiro deste ano, junto com um carro 0 km, prêmios em dinheiro e uma bolsa de estudos, à qual ele abriu mão por já ter uma no doutorado.

A etapa estadual, que tem patrocínio da rede de lojas de departamento Macy's, exigiu novos artigos, visitas à sala de aula e entrevistas, além do envio de um vídeo apresentando o trabalho na escola e um encontro de três dias na cidade de Orlando com os mais de 70 professores dos condados e distritos especiais da Flórida.

Na entrevista final, o brasileiro lembrou aos examinadores que, naquele dia de junho, o planeta Vênus estava transitando em frente ao Sol, um fenômeno que só se repetirá daqui a um século. "Eu disse a eles que, quando isso acontecer, eu não vou estar mais aqui, meus aluninhos não vão estar mais aqui, mas a sociedade ensinada por eles e pelo meu ensino, sim. Depois disse a mim mesmo: 'que resposta mais tola!' Voltei para casa achando que não venceria", afirmou.

Lopes estava errado, e seu nome foi anunciado como melhor professor do estado na última quinta-feira. Assim como as exigências da competição, as recompensas da etapa estadual também são maiores, e incluíram surpresas e um prêmio de US$ 5 mil (mais de R$ 10 mil) aos cinco finalistas, além de US$ 10 mil (mais de US$ 20 mil) ao grande vencedor.

A fama, o dinheiro e as regalias que tem recebido nos últimos meses, porém, são honras menores para ele. "Eu tive uma vida muito feliz, de muitas alegrias. Mas as alegrias que eu encontro com o sucesso dos meus alunos não se comparam com nada que eu já experimentei", afirmou Lopes, que diz ter uma admiração especial pelos pais de alunos com deficiência. "Essas crianças são filhas desses indivíduos, mas elas também são parte da nossa sociedade, é injusto que deixemos esses pais sozinhos com o grande desafio que enfrentam."