segunda-feira, 25 de março de 2013

Transtorno de Processamento Sensorial: mais comum do que se pensa






Estava conversando, ontem, com a terapeuta ocupacional do Theo, e tive a idéia de fazer esse post. Já comentei, rapidamente, sobre a questão das dificuldades de processamento sensorial que as crianças autistas tem.

Pois bem. Acontece que isso não é excluvidade de crianças autistas. Segundo uma estatística americana, 1 em cada 20 pessoas tem algum tipo de problema de processamento sensorial (fonte: SPD Foundation). 5% de incidência é muita gente! Claro que a incidência é bem maior em autistas, mas existe muita criança neurotípica por aí com TPS (transtorno de processamento sensorial) sem que os pais tenham a menor idéia disso.

Basicamente, o TPS interfere na forma com que o cérebro recebe, processa e responde aos estímulos vindos dos sentidos (tato, paladar, audição, etc).

Quando pensamos em TPS, a primeira imagem que vem à cabeça é aquela clássica da criança tampando os ouvidos. Mas esse é só um dos sintomas de sensibilidade sensorial.

E é por isso que eu pensava que meu filho não tinha essa coisa aí. Afinal, ele nunca se incomodou com barulho ou com toque (muito antes pelo contrário).

Até que descobri que existe hipo e hipersensibilidade. E, lendo a lista de características das crianças hipo sensíveis (que, basicamente, buscam sensação), percebi que o Theo tem 80% dessas características:

Coisas que você nota em sensory seekers (crianças que buscam sensações):

•Gosta de girar
•Sobe em coisas muito altas
•Sobe em tudo
•Tromba nas coisas (pessoas, móveis, parede)
•Coloca a boca/lambe coisas não comestíveis (móveis, brinquedos, corpo)
•Mastiga coisas não comestíveis (como a própria roupa)
•Come excessivamente
•Constantemente luta com os irmãos
•Toca em tudo
•Brinca com a comida
•Faz bagunça para comer
•Enche muito a boca com comida
•Come comidas apimentadas ou condimentadas
•Pouca resposta à dor (esquece rapidamente dela)
•Joga todos os brinquedos pra fora da caixa só pra olhar pra eles
•Gosta muito de brincar com lama, água, sabão, e outras coisas bem sensoriais
•Pula muito
•Gosta de andar descalço
•Mastiga a escova de dentes
•Não consegue ficar sentado quietinho na cadeira
•Cai da cadeira sem razão aparente
•Procura barulhos altos (aumenta o som da tv, coloca brinquedos barulhentos próximos ao ouvido, gosta de secador de cabelo, aspirador de pó, etc)
•Não consegue regular bem o próprio volume (você diz constantemente “pare de gritar”)
•Cheira tudo



Por outro lado, há as crianças hipersensíveis. E essas são as características principais:

Coisas que você nota em sensory avoiders (crianças que evitam sensações):

•É excessivamente seletivo com a comida (prefere uma textura específica ou sabores básicos)
•Cobre as orelhas quando há barulho (odeia aspirador, liquidificador, secador de cabelo)
•Não gosta de ser tocado (não é uma criança que curte abraço ou ficar aninhada no colo)
•Odeia etiquetas e costuras das roupas
•Não gosta de colocar sapatos (ou prefere somente um tipo de sapato)
•Evita atividades que sujam (lama, areia, etc)
•Evita atividades manuais como pintura ou massinha
•Anda nas pontas dos pés
•Não gosta muito de brincar no playground (subir no brinquedo, balançar)
•Odeia fralda ou roupa molhada/suja
•Não gosta de ter as pessoas próximas demais
•Se recusa a tomar banho ou a brincar com água
•Não gosta de água no rosto
•Não gosta ou se recusa a escovar os dentes
•Reclama de cheiros
•Reclama que a luz normal é brilhante demais
•Super sensível a dor (tudo machuca)
•Evita/recusa adesivos, band-aids, etc.
(fonte: The Thinking Person’s Guide to Autism)

Tendo dito isto, nenhuma criança é 100% seeker ou avoider. Em geral, elas são mais uma coisa, mas com pinceladas da outra. Por exemplo: Theo é o típico sensory seeker. Adora passar a mão em tudo, andou até lambendo recentemente, adora abraço, enfia várias bolachas na boca de uma vez, etc. Mas ele implica com etiquetas das roupas, não deixa colocar nada na cabeça (como chapéu ou boné) e, colocar um band-aid nele é tarefa pro Chuck Norris.

Seu filho é excessivamente seletivo com comida? Curte demais um barulho alto? Aperta/toca tudo? Lambe os brinquedos? Na dúvida, procure um neuropediatra ou terapeuta ocupacional especializada em Integração Sensorial. Existe tratamento pra isso, e pode tornar a vida do seu filho bem mais fácil.


Por Andrea Werner, blog Lagarta Vira Pupa 
(http://lagartavirapupa.wordpress.com)

sexta-feira, 22 de março de 2013

Terapia Ocupacional no Atendimento de Crianças com Síndrome de Down

De que maneira é desenvolvido o trabalho de terapia ocupacional na criança com Síndrome de Down?

                         


Antes de te responder a esta pergunta, acho importante definir o que é Terapia Ocupacional:


Segundo Fisher, a Terapia Ocupacional é “a arte e a ciência que ajuda as pessoas a fazerem coisas que elas querem ou precisam fazer”.

O terapeuta ocupacional em seu trabalho tem como objetivo ajudar as pessoas a se engajarem em suas ocupações e suas atividades diárias. Estas atividades podem ser: o auto-cuidado (vestuário, alimentação e higiene pessoal), o lazer e a escola/trabalho. Para que isso ocorra, o Terapeuta Ocupacional utiliza atividades/ocupações que tenham um significado para a vida do indivíduo, considerando seu contexto de vida.



Em primeiro lugar, é realizada uma avaliação da criança (histórico do desenvolvimento, avds, rotina, brincar, perfil sensorial da cça ...). E posteriormente, traça-se o plano de tratamento p a cça. É importante tb, entrar em contato com os outros profissionais que acompanham a cça.


O objetivo geral, é estimular o desenvolvimento neuropsicomotor da pessoa com Síndrome de Down através do brincar, vivências relacionadas com o seu cotidiano (AVDs) e de desempenho funcional nas atividades escolares (motoras gráficas e cognitivas), visando o ganho máximo de independência e autonomia na família, escola e na sociedade.


O terapeuta ocupacional pode desenvolver seu trabalho em consultório, assim como dentro de uma escola.

O trabalho de consultoria que realizo nas escolas, está diretamente ligado ao trabalho que realizo na clínica. Nas escolas, meu primeiro passo é esclarecer aos professores o que afeta o desenvolvimento da criança com SD, quais são as características que esta criança apresenta que irão influenciar seu desempenho. Um segundo passo, é mostrar e enfatizar as habilidades que esta criança tem. Para então, propor atividades que desafiem a criança, o que levará a uma aprendizagem. É importante lembrar que estes desafios devem ser sempre “na medida certa”. Na escola são feitas sugestões que possam ser usadas para diminuir as dificuldades da criança e facilitar sua inclusão.


No consultório, sigo o mesmo caminho. Esclareço dúvidas em relação ao diagnóstico e o quanto isto interfere em seu desempenho ocupacional. È importante esta compreensão dos pais, pois estes passam a ter uma visão diferenciada de seu comportamento e desempenho nas atividades diárias, no brincar e nas atividades escolares.


Fonte: http://topediatrica.blogspot.com.br  - por Ariela Goldstein




quarta-feira, 20 de março de 2013

AUTONOMIA NA SÍNDROME DE DOWN





Até algum tempo atrás, junto com o diagnóstico que os pais recebiam dos médicos sobre a Síndrome de Down (SD) de seu bebê, vinha o prognóstico de que ele teria muitas dificuldades para andar, para falar, para escrever. A sentença era clara: “será sempre uma pessoa dependente”.


Os pais, após o primeiro choque diante da nova realidade de ter um filho diferente daquele que esperavam, acabavam achando quase natural que as dificuldades a enfrentar fossem enormes e as expectativas tão pequenas. Alguns simplesmente se resignavam; outros se preocupavam em estimular, em minimizar aquela que parecia ser a maior deficiência, o maior prejuízo: o aspecto mental.

Porém, ao supervalorizar o desenvolvimento cognitivo de seus filhos, os pais muitas vezes acabavam não tendo atitudes coerentes em casa: superprotegiam, poupavam, faziam por, proporcionavam escolas especiais onde não havia o convívio com crianças sem (ou com outras) dificuldades, e atendimentos terapêuticos individuais, sem possibilidades de trocas sociais. Ou seja, havia o investimento no aspecto cognitivo e de aprendizagem, sem a mesma atenção ao crescimento emocional, social e de autonomia de seus filhos com SD.

O resultado era um adolescente e sua família despreparados para lidar com as naturais transformações físicas e emocionais, além das idéias, desejos e exigências sociais relacionadas com esta fase. Este conflito culminava no jovem em casa, retraído e solitário, sem amigos, sem habilidades, sem autonomia para viver uma vida própria.


A superproteção por parte de pais e professores faz com que se concentre maior atenção nas deficiências da criança; recebendo maior atenção em seus fracassos que em seus sucessos, a criança fica limitada nas possibilidades que promovem a independência e interação social.

O que vemos hoje é um panorama totalmente diferente. O diagnóstico é dado de forma real e positiva, com o apoio de grupos de pais que ajuda a lidar com as primeiras angústias, com as primeiras orientações, e que acima de tudo, planta uma semente otimista na expectativa destas novas famílias : a de que seu filho com SD pode ir muito bem, pode ir muito longe, desde que se acredite nele. Muda-se assim toda a base da educação que essa criança receberá : o que vemos daí para a frente é uma pessoa que terá capacidades e habilidades, apesar de ter algumas limitações, o que levará esta família a uma educação para a autonomia, e não para a acomodação.

Some-se a isto um ambiente mais propício, uma sociedade mais informada, uma escola mais inclusiva e aberta e um mercado de trabalho mais receptivo, e teremos uma pessoa com maiores possibilidades e motivações para se desenvolver sempre mais. O que muda é a perspectiva, a visão do desenvolvimento: a pessoa com SD com direitos e deveres de cidadão.

Chega o momento, então, de analisarmos o que queremos para a criança com SD. Basicamente,

- que tenha um bom desenvolvimento motor, com direito a destacar-se em atividades esportivas;
- que saiba comunicar o que quer, o que pensa, o que sente;
- que saiba cuidar de si mesma, das coisas de sua casa, que possa sair sozinha, comprar as coisas de que precisa;
- que saiba ler e escrever, e que aprenda tudo o que a escola possa lhe ensinar de útil e funcional;
- que desenvolva uma habilidade, uma profissão, que lhe possibilite um ganho financeiro;
- que tenha amigos, que tenha uma competência social, que seja bem aceito, que seja feliz.

Em essência, não é o que queremos para toda e qualquer criança, tenha ela SD ou não?

As habilidades de autonomia pessoal e social proporcionam melhor qualidade de vida, pois favorecem a relação, a interação, satisfação pessoal, auto-estima e atitudes positivas.

Uma vez internalizada esta perspectiva, a de autonomia como objetivo básico para a criança com SD, esta passa a ser a meta , uma filosofia de vida, na qual o desenvolvimento intelectual é um meio, e não o fim.


Fonte: http://www.reviverdown.org.br/autonomia-na-sindrome-de-down/

sexta-feira, 15 de março de 2013

Novo portal traz produtos e serviços para pessoas com deficiência


O site é o primeiro portal brasileiro de conteúdo colaborativo com produtos e serviços para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.



Na segunda quinzena de março, foi lançado o Portal Usina da InclusãoSite externo., parceiro do Vida Mais LivreSite externo.. Ele é o primeiro portal brasileiro de conteúdo colaborativo com produtos e serviços para pessoas com deficiência mobilidade reduzida. O conteúdo do portal aborda soluções em tecnologia assistiva, acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.

Nele, empresas e profissionais poderão compartilhar gratuitamente os seus produtos e serviços desenvolvidos para melhorar a qualidade de vida dessa importante parcela da população que, segundo dados do IBGESite externo. 2010, é representada por cerca de 45 milhões de brasileiros.
A proposta do site é impulsionar também que pessoas com deficiência e mobilidade reduzida colaborarem efetivamente para melhorar esses produtos e serviços dando sugestões, contando sua experiência e trocando ideias com especialistas, profissionais e empresas do segmento.
O idealizador do portal
O idealizador do portal, Lincoln Tavares, é jornalista, ativista de direitos humanos e Sócio Diretor do Portal Usina da Inclusão. Trabalhou por mais de seis anos na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade da Prefeitura de São Paulo – primeira do gênero no Brasil, onde coordenou o Programa Censo-Inclusão e Cadastro-Inclusão de Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida e a Assessoria de Comunicação e Imprensa.
Parceiros e apoiadores do projeto

Fonte:http://vidamaislivre.com.br

quarta-feira, 13 de março de 2013

OS QUATRO REINOS AUTISTAS


   
por Alysson Muotri
    
 “O autismo é, para as doenças neurológicas, o mesmo que a África para os assuntos sociais”, definiu o jornalista Caryn James, em declaração publicada no “New York Times”, em 2007. Com a frase, James buscou enfatizar o emergente reconhecimento público sobre o autismo durante a década passada.     Movimentos emergentes pro-África acabaram por polarizar opiniões dos envolvidos, causando certa confusão na percepção pública sobre o assunto. Afinal como ajudar a África? O mesmo acontece com o autismo hoje em dia.

     Parte da polarização de opiniões sobre o autismo está relacionada com seu caráter heterogêneo: chamamos de autista um garoto de seis anos de idade que não fala, um jovem de 20 anos que estuda computação e tem “tiques estranhos” e um homem de 40 anos que segue uma rotina religiosa e não tem interesse na vida social. “Autismos” seria a melhor definição para esse espectro de comportamentos sociais.       Não existe um autismo típico, cada caso tem sua própria natureza. A outra contribuição da polarização vem dos profissionais de saúde. Pessoas com autismo são vistas sob óticas diferentes dependendo do profissional – seja pediatra, neurologista, psiquiatra, terapeuta comportamental, dentista, psicólogo, fonoaudiólogo ou tantos outros que se relacionam com o autista.

     É a velha história dos cegos e do elefante, em que cada um apalpa uma parte do bicho e acredita estar diante de um objeto diferente. Cada um tem uma perspectiva diferente da condição autista, com opiniões fortes de como o autismo deve ser encarado e tratado. Outros ignoram completamente o problema, buscam aceitação, levantando a bandeira da diversidade, rejeitando opções de tratamento e cura. É óbvio que isso tudo deixa os familiares confusos e pulveriza a força politica pró-autista.

     Pois bem, no espírito da conciliação, de encontrar o que é comum e válido entre as diversas tribos pró-autistas, proponho quatro perspectivas de comunidades interessadas em autismo que se especializaram tanto na forma como falam sobre o autismo que se tornaram reinos ou feudos isolados e distintos. Cada reino tem suas verdades, mas todos falham na tentativa de entender ou mesmo reconhecer que suas verdades não são aceitas fora de suas fronteiras.

     Primeiro Reino: o autismo como doença. 

     A condição autista foi descrita pela primeira vez pelo médico Leo Kanner em 1943. Desde então, a pesquisa médica tem sido focada encarando o autismo como se fosse uma doença. Nesse reino encontram-se médicos, pesquisadores, familiares e pacientes. Todos veem o autismo como uma doença do cérebro que pode ser tratada com medicamentos. Investigam a melhoria do diagnóstico, intervenções e a cura como objetivo final. Teorias médicas evoluíram da mãe-geladeira para formas complexas da neurogenética. Buscam-se marcadores moleculares da doença e novas drogas. Ao contrário dos que veem o autismo como uma deficiência, buscando melhores serviços e suporte, esse reino foca na lógica puramente científica para justamente reduzir o número de serviços e suporte dado ao autista.         Querem cortar o mal pela raiz.

     Segundo Reino: o autismo como identidade.
     Nesse reino, os integrantes substituem a classificação de autismo como doença por uma questão de diversidade – ou mesmo de  identidade. Esses, juntos com as comunidades de deficientes, veem o autismo como sendo apenas mais uma entre milhares de variações cognitivas da humanidade, com necessidade de aceitação, não de cura. Pessoas com autismo leve que podem viver de forma independente, mas que não se sentem totalmente acolhidas socialmente, fazem parte desse grupo. Em vez de buscarem formas de se tornarem “normais”, focam na inclusão e aceitação social.      Exigem reconhecimento de que o autismo é uma forma de pensar diferente, que pode produzir soluções inovadoras para problemas difíceis. Muitos veem os resultados genéticos como uma forma de eugenia, não acreditam em explicações de causalidade e acham que tratamentos são uma forma compulsória de conformismo social. Como as comunidades de deficientes, membros desse reino buscam apoio da sociedade, melhorias educacionais, serviços ocupacionais e direitos cívicos.

     Terceiro Reino: o autismo como lesão.

 Talvez um dos argumentos mais acalorados sobre o autismo seja o papel da vacina como causadora de uma lesão levando ao autismo. Membros dessa comunidade são pais que observaram regressões de desenvolvimento de suas crianças após vacinação. Mesmo frente a fortes evidências epidemiológicas de que vacinas não causam autismo, defensores dessa teoria sugerem que esses estudos estejam mascarando casos raros que foram causados por vacinas. Ao contrário do grupo anterior, os pacientes autistas nesse caso são afetados de formas severas, não verbais, com disfunções imunológicas, gastrointestinais e ataques epiléticos. Familiares desse grupo, sentindo que a ciência e medicina ainda não geraram medicamentos eficazes, buscam alternativas como dietas específicas e desintoxicação, entre outras. A grande distinção desse grupo é que acreditam o autismo fora causado por uma determinada lesão cerebral, causada por algum episodio específico na historia de vida do individuo. Portanto, levantam a bandeira da prevenção, reconhecendo que ao descobrir a causa poderíamos frear a prevalência do autismo.

     Quarto Reino: o autismo como modelo. 

Da mesma forma que cientistas usam a cegueira para entender o sistema visual, membros desse grupo buscam no autismo a oportunidade de entender o cérebro social. Esse grupo é composto primordialmente por neurocientistas interessados em compreender o comportamento social humano, usando ferramentas como neuroimagem e neuroanatomia em tecidos cerebrais. O objetivo é mapear o cérebro para encontrar vias nervosas que processam informações socais específicas, tais como reconhecimento de faces, postura em grupo e teoria da mente. Esses cientistas apostam em modelos animais ou estudos de ressonância magnética do cérebro humano como instrumentos importantes para se ganhar insights sobre a natureza humana, sem necessariamente se preocupar com a causa ou cura do autismo.

     Reconheço que esses quatro reinos não necessariamente representam todo o universo do espectro autista. No entanto, descrevem de forma ampla perspectivas distintas que hoje em dia dividem opiniões sobre o autismo. Esses feudos criaram estruturas super organizadas como sociedades profissionais, ONGs ou redes sociais, para se fortificarem. Infelizmente essa atitude serviu também para criar barreiras entre si, dificultando interações construtivas e trocas de ideias entre seus membros menos extremistas. Assim, podemos entender as críticas que sofrem os geneticistas, que veem o autismo como doença e buscam diagnóstico pré-natal, que seriam agentes abortivos dos autistas da próxima geração.

     Mas quem afinal está certo? Da mesma forma que ainda não sabemos qual a melhor politica para ajudar a África, não existe uma resposta clara para o autismo. É provável que todos os cegos estejam certos parcialmente. O importante é notar que cada um dos reinos autistas tem oportunidades de oferecer algo de construtivo. 

     Precisamos tanto de melhores diagnósticos e tratamentos, como melhores serviços, estratégias de prevenção e um entendimento mais apurado do cérebro social humano. Acredito que quanto mais os membros desses grupos se mantiverem isolados, pior será para o autismo. Acho que deveríamos buscar o oposto, abrindo a fronteira desses reinos e favorecendo a fertilização cruzadas de ideias. Essa atitude pode mostrar o que existe de comum entre esses reinos. Por exemplo, a luta por melhores serviços profissionais que atendam a demanda autista. Outro exemplo seria a de criar um centro de excelência que testasse sem bias ideias vindas das diversas áreas. Propus algo assim para o Brasil recentemente e fiquei pasmo com a recepção positiva de pessoas com opiniões bem diferentes sobre o autismo o que sugere que a proposta mereça ser considerada.

     Com o crescente número de crianças autistas tornando-se adultos com autismo, a situação começa ficar crítica e requer ação imediata. Penso que nada de muito positivo vá acontecer se cada grupo insistir na sua própria visão. Será uma pena olharmos do futuro para o que acontece hoje e concluirmos que poderíamos ter lutado juntos por algo transformador, buscando cooperação ao invés de conflito. Acho é possível unirmos forças para atingir metas a curto prazo, como melhores escolas para os autistas, e também soluções a longo prazo. 

     Dessa forma teremos um mundo melhor para crianças e adultos autistas.

       Fonte: G1

sexta-feira, 8 de março de 2013

FILME: COLEGAS


O filme Colegas já está em cartaz nos melhores cinemas!!!

 


Sinopse e detalhes:


Stallone (Ariel Goldenberg), Aninha (Rita Pook) e Márcio (Breno Viola) eram grandes amigos e viviam juntos em um instituto para portadores da síndrome de Down, ao lado de vários outros colegas. Um belo dia, surge a ideia de sair dali para realizar o sonho individual de cada um e inspirados pelos inúmeros filmes que já tinham assistido na videoteca local, eles roubam o carro do jardineiro (Lima Duarte) e fogem de lá. A imprensa começa a cobrir o caso e a polícia não gostou nem um pouco dessa "brincadeira". Para resolver o problema, coloca dois policiais trapalhões no encalço dos jovens, que só querem realizar os seus sonhos e estão dispostos a viver essa grande aventura, que vai ser revelar repleta de momentos inesquecíveis.